não é, por muito que me digas, suficiente escutar-te
não me chega ficar especado, sem tempo, a olhar-te
e eu apenas sei que o tempo me vai fugindo...
um quilometro por cada indecisão,
uma milha a cada duvida minha, por cada, não questão
e deixo-me enredar numa dor só minha, vou cedendo
onde, o que penso ainda ser possível se vai perdendo
um sonho... que a cada segundo se vai diluindo.
na verdade não sei que te diga, sequer que deva fazer
tenho medo, mas mais ainda de te perder
eu... menti-te eu não te falei, porque julguei já te ter perdido
e não quero por força voltar a sofrer o mesmo, sinto-me já arrependido
de me sentir assim tão atado, e ao mesmo tempo tão atraído
às vezes nada parece ser suficiente...
quarta-feira, agosto 11, 2010
segunda-feira, agosto 09, 2010
que tradução tão bem feita....
"O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar.."
Fernando Pessoa
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar.."
Fernando Pessoa