segunda-feira, julho 15, 2024

Rápida contagem

 3003 dias, 

ou seja 8 Anos 2 Meses 2 Semanas 6 Dias, 

decorridos 2136 Dias úteis e13 Feriados, 

não os blogs não voltaram a estar na moda, eu simplemente resolvi deixar de me esquecer deste.


8 anos, muito mudou, não tudo, mas demasiado

Há 8 anos eu pensava no tempo de outra forma

via a idade com mais esperança....


Hoje tudo isso pelo menos mudou, 

o medo do dia do amanhã, 

o que acontecerá amanhã?


A vida consiste muito em contar dias iguais, 

com medo daqueles que podem vir a ser diferentes.


8 anos é tempo que dá para mudar...

terça-feira, abril 26, 2016

Dia 26 Abrli de 1916

Celebra-se hoje o centenário da morte de Mário Sá Carneiro poeta D'Orpheu.


 Quasí

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse àquem...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
... 


 Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vi...

Poemas
No Expresso

terça-feira, julho 14, 2015

unease, the cruel taste of pavement
no rest, betrayal hurts
more than a thousand knives

terça-feira, março 17, 2015

segunda-feira, março 02, 2015

empty

Searched inside, for nothing I could ever reach.
My mind instantly crumbled like a mountain turning into sand
No space left, not a trace or sign of any idea or thought
A forgetful brain is all that is left, an empty chest with no treasure inside.

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Opiniões

Já antes tinha falado na liberdade e no seu direito, como algo que deve ser valorizado, na liberdade que se extingue quando começa a liberdade do próximo.
Eu tenho a liberdade de ter opiniões e de as expressar de falar do que me apetecer e de dizer o que bem quiser, e pode haver sempre um qualquer número de opiniões contrárias.
As opiniões são o que são e são um elemento inserido dentro da liberdade de cada um.

As opiniões podem e devem ser expressadas das mais inueras formas, e todas elas podem ser válidas, mas não são a tiro.

Je suis Charlie

quinta-feira, novembro 06, 2014

The Fifth of November

Remember, remember!
The fifth of November,
The Gunpowder treason and plot;
I know of no reason
Why the Gunpowder treason
Should ever be forgot!
Guy Fawkes and his companions
Did the scheme contrive,
To blow the King and Parliament
All up alive.
Threescore barrels, laid below,
To prove old England's overthrow.
But, by God's providence, him they catch,
With a dark lantern, lighting a match!
A stick and a stake
For King James's sake!
If you won't give me one,
I'll take two,
The better for me,
And the worse for you.
A rope, a rope, to hang the Pope,
A penn'orth of cheese to choke him,
A pint of beer to wash it down,
And a jolly good fire to burn him.
Holloa, boys! holloa, boys! make the bells ring!
Holloa, boys! holloa boys! God save the King!

Hip, hip, hooor-r-r-ray!

source:http://www.potw.org/archive/potw405.html

sexta-feira, outubro 10, 2014

Depressão (a tua doença)


Conheço bem esses becos e os seus meandros
Já percorri essas ruas e esses cantos
esse nevoeiro que te encurrala e te colhe a respiração
quase me matou noutro tempo, sem graça, triste em plena desolação.

Nesse escuro ebrio, nesse remoer constante
já nada há, nada persiste
viverás assim encurralada e sempre triste
corre, foge daí, sai desse tiq-taq mirabulante

fecha essa porta e esquece-te desse terror
há um mundo lá fora à tua espera
há um amanhacer a cada dia, cheio de calor

Esses que tanto procuras sao de outra esfera
não têm solução, porque são pó de uma engrenagem
sopra-lhes e liberta-os, jamais lhes prestes vassalagem.

quarta-feira, setembro 10, 2014

Pensamento do dia...

In a world where everybody tells a different version of the same story, I just don't know what to believe anymore.

segunda-feira, junho 16, 2014

Winter's Man

I'm a winter's man I love cold, I love the rain Don't use an umbrella to walk in the rain, Don't stay at home to be away from the rain, I sing best in the rain!

terça-feira, junho 25, 2013

segunda-feira, janeiro 14, 2013

politicas e liberdades

Sempre fui pela liberdade de escolhas e de opções. Também pela ideia que a liberdade não é inesgotável e que termina assim que a de outrem se inicie. Não obstante de tudo isso não consigo deixar de pensar que a liberdade que hoje temos e da forma como a possuímos permite que os idiotas legitimem os imbecis.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Já não encontro razões, no tempo esvaído em partições de momentos corridos na ansia de chegar, sabe Deus onde, a algum caminho dificil de encontrar.
Já não repenso as memórias, nem consigo adquirir novas, que os dias passam-me sem que consiga inspirar tranquilamente, a infacia, outra gente.
Olho-me e revejo, quem era, sem perceber ao certo quem sou e muito menos no que me transformo, carrego em mim, o pesar de uma velhice muito antecipada.

Quem dera... Sei lá onde, nem sei quando, ter o poder de parar o tempo. Como o agua faz de si mesma, quando se transforma em gelo, simplesmente queria parar um pouco. Olhar, rever e readquirir outra luz e esperança, outro fio, outras lembranças, para em seguida derreter, para regressar ao meu estado fugidio, de quem leva uma vida sem a compreender.

sexta-feira, agosto 26, 2011

o cansaço abate-me
Já não sei em que pensar,
deambulo tão fragilmente
vagueio p'lo ar

Existo, mas sem presença
num vazio em nenhures
Já acredito em meias verdades
em qualquer religião sem crença

fecho os olhos tentando sentir
qualquer brisa que sopre ao de leve
qualquer barulho, tento ainda ouvir

Que insensibilidade extrema...Que asco
Que espera por mais um passo com sede de abismos
um crer aguarda cego à beira do penhasco.

quarta-feira, maio 25, 2011

estado de graça

O que fazer a um pouco, restante de um todo que nunca foi muito?
O que fazer de uma imensidão de erros e atropelos, de trocas e subterfúgios?
A razão já não chega e o vosso ruído teima em não cessar...
Tempos difíceis, esses que se aproximam...Mas insistem na discussão absurda, elogiam o disparate, usam demais da palavra sem nexo ou desprovida de qualquer sentido...
Regateiam tachos, vendem panelas, distribuem a culpa que por estes dias, não morre solteira, bem pelo contrário, vira rameira, serve a todos e cada um de nós, afinal o slogan sempre foi "A culpa é tua!", simplesmente ninguém o percebeu, todos se iludiram com as mentiras...São sempre mais suaves.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Vicio

Song to the Siren
Desde há vários anos que gosto desta música...Numa versão ligeiramente diferente dos "This Mortal Coil" (segundo video), não conhecia eu, a original :)







Long afloat on shipless oceans
I did all my best to smile
Til your singing eyes and fingers
Drew me loving into your eyes.

And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."

Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?

Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?

Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."


PS-Também me deixei encantar pelo canto da sereia :)

terça-feira, janeiro 25, 2011

V2

Que longo curso, tomam esses poemas dispersos?
Feitos de meios bons, meios pensamentos
Metades de estrofes em quartos de versos,
Meios de quartos, oitavos são de meros sentimentos

Esqueci-me que os tive, que os pensei
no longo curso que não recordo, já não o sei...
creio que era caminho fugidio, e traiçoeiro
de correntes fortes, afundava qualquer marinheiro

A memoria, nem sempre me leva tão longe, tão distante...
deixa-me à beira de meandros de frases quase líricas
De gosto trágico, funesto, amargurado, irritado e irritante
ficam versos e estrofes, imperfeitas, magras, anorécticas...
bem sei do que falo, irritado...Sigo na corrente, meia inconstante...


E depois quando em vez, roubo-os, a alguém
E em seguida deixo-me roubar por ninguém
Perco-os a todos... Voam-me do bolso roto...
Outros nunca tive, nunca me caíram no goto.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

...

que longo curso, tomam esses poemas dispersos?
feitos de meios bons, meios pensamentos
metades de estrofes em quartos de versos,
meios são também os sentimentos.

terça-feira, novembro 23, 2010

Faço em mil pedaços, o relogio de tempos certeiros
acabo com os minutos, as horas e os ponteiros
cOm seu inssessante tiquetaquear,

O tempo, de si, não pára e não o deixa esquecer
mais um segundo, que não oiço, que acaba agora de passar
mais um minuto, silencioso, a caminho de ensandecer

enfurecido, com o desrespeito, com a rebeldia,
perco a noção dos compassos, cesso o dia
tento de tudo... Mas desisto, e esqueço
num momento, sob a sua mestria, enlouqueço,

Sem que tivesse sequer desviado o olhar
ele passa, sem que nada faça, imponente o castigar
peço um momento, um curto intervalo que seja
mas o tempo não pára,céu azul não troveja

sábado, novembro 06, 2010

I can't speak the words I really want
still see you, still touch you, still mad...
give me another shot,
let the soft mystic touch of drink speak for me...

terça-feira, novembro 02, 2010




Talvez um dia consiga dizer mais do que te digo, sem ter que na realidade, nada te dizer, espero que entendas o meu equívoco...

segunda-feira, outubro 25, 2010

What a strange quiet sense...
give me one moment again,
let me try to refill an absence...
The glimmer void of my memories

domingo, outubro 17, 2010

Miloval jsem tento týden, jako žádná jiná. Zapomněl jsem čas a strávit hodiny, a tak je mi líto, že je téměř u konce a vrátit se do mého světa, takže tohle, tak nejbližší a nejlepší.


až krátce Portugalsko

sábado, outubro 16, 2010

The unfamiliar sweetest of tastes,
your mute monologue...your desire...
...Just undress me again

domingo, outubro 10, 2010

eu amo, um amor tão próprio, tão escondido e tímido
eu amo em segredo, mais que um todo, mais que o medo
solto-me, desprendido do cordel laço sinto-me quase voar
sinto ter esperança, prometo-me jamais desanimar

relembro-me de ti, numa tristeza quase surda
algo me lembrou que nunca te disse o que deveria
o que há muito tempo tive possibilidade de dizer, nem eu sabia

hei-de amanhã voltar a tocar-te, outra vez
pois creio conseguir partir a tua frieza
conseguir colorir a tua palidez

por hoje peço-te, acredita em mim, em nós
amanhã será um novo dia e eu com ele um novo ser
mais frívolo, mais forte, mais feliz, mais corajoso, assim terá de ser.
eu hei-de ainda que já não na altura certa dizer-te apenas que te adoro.

terça-feira, outubro 05, 2010

100 anos...Não chegam para uma verdadeira revolta

Comemoram-se hoje 100 anos de republica. 100 anos, onde aproximadamente 40 foram passados debaixo de uma ditadura. Onde possivelmente 70 desses 100 anos foram passados debaixo de crise económica, 60 desses 100 anos sobre crise politica, e certamente 98 desses 100 anos por crise de identidade, e resmunguice mas sem que nunca tenha partido do povo, qualquer decisão.
É uma republica, uma democracia...Não, não é. É um mero monopolismo e uma mesquinha oligarquia. Não são 100 anos de se comemoram hoje com alegria, e não serão certamente outros 100 que se hão-de comemorar daqui por mais cem anos, se nada for feito, se este povo descuidado e esquecido nada fizer, se continuar debaixo do medo e da preguiça, debaixo da enfadonha vontade, desta apatia, de ver passar, de os ver a cada dia dilapidar mais uma fatia, de um todo que diminui a cada momento.
Hoje eu não comemorarei 100 anos de república, comemorarei apenas a coragem que poucos há 100 anos tiveram de mudar as coisas, e desses 100 anos passados pouco mais há para comemorar.
É com tristeza que se constata, nunca ter sido feita uma evolução...Por culpa de muitos, por culpa de todos.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Frase do dia

Depois de tanta dúvida, deixei de saber se fiquei com alguma restia de hipotese...
Contudo por vezes há quem nos consiga ver o erro ou erros que cometemos, já não é a primeira vez que é publicado algo do autor por estas bandas, mas desta vez a publicação é mais pessoal:
"As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o
que, com frequência, poderíamos ganhar,
por simples medo de arriscar."
By William Shakespeare

quarta-feira, setembro 08, 2010

Dissertação da palavra...Amor

amor, palavra cujo sentido eloquente é de si...Sublime,
quando toda ela, escrita em tons de uma só cor
entenda-se...um uníssono sentimental, falado a uma só voz, tanto que ele exprime
agravado quando em vez, de magoa e quem sabe talvez, um trejeito de amargor...

Talvez, eu deve-se elucidar que estas, não são palavras de extremo conhecedor
Mas, tão somente apenas uma ligeira, e... Insegura "dissertação",
Voltando, portanto ao assunto, falava-vos...De amor
não possuindo este, forma física, visível... Atenção!
Não possuindo forma física, senão outra que não a tua, meu...amor
para mim o amor, também tem nome de pessoa, e confidencialmente
posso assegurar, que por vezes me segreda e se ri para mim...tão contente.
E eu posso garantir, que também o olho alegre em mim, sempre que o vejo, feliz
próximo, e, ainda mais, muito mais, quando me ouve, e quando fala..Adoro ouvir o que diz!

terça-feira, setembro 07, 2010

ópio da tristeza

Quero voltar a ser criança... Aquela, a mais inocente
longe daqui, quero por mais que tudo voltar a estar contente
quero ... ter um novo amigo
um que oiça mais do que, o que digo

Volto a olhar em redor, e nada mais enxergo senão problemas
paro um pouco para pensar, para deixar de escrever rimas ou poemas
quero-me distante, tão longe quanto possível,
sinto-me frustrado, retardado, triste, demasiado sensível

Estou tão só, tão largado à sorte, ou à falta dela
tão desolado, descuidado, mal-amado, sem rumo nem vela
eu bem tento correr atrás de um prejuízo que já não me pertence
um que não consigo reparar... Estou ...Aflito, estou triste, já nada me convence.

quarta-feira, agosto 11, 2010

não é, por muito que me digas, suficiente escutar-te
não me chega ficar especado, sem tempo, a olhar-te

e eu apenas sei que o tempo me vai fugindo...
um quilometro por cada indecisão,
uma milha a cada duvida minha, por cada, não questão
e deixo-me enredar numa dor só minha, vou cedendo
onde, o que penso ainda ser possível se vai perdendo
um sonho... que a cada segundo se vai diluindo.

na verdade não sei que te diga, sequer que deva fazer
tenho medo, mas mais ainda de te perder
eu... menti-te eu não te falei, porque julguei já te ter perdido
e não quero por força voltar a sofrer o mesmo, sinto-me já arrependido
de me sentir assim tão atado, e ao mesmo tempo tão atraído

às vezes nada parece ser suficiente...

segunda-feira, agosto 09, 2010

que tradução tão bem feita....

"O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar.."

Fernando Pessoa

quarta-feira, julho 21, 2010

Tento em vão sentir dor maior que aquela que sinto, na esperança futil que uma me faça esquecer da outra.
Tento que o sono chegue mais rápido, que o dia acabe mais depressa, que o tempo passe...E me largue deste minuto em que gelo, em que sufoco, e me bato, por ser tão insignificante, por ser tão minusculo, tão pequeno, por não ter, e também por não ser...Não há que possa fazer que me remedeie, não há o que me console.

Sinto-me como um (in)utensílio largado numa prateleira empoeirada, esquecido.


Desmonta-se a delicada paisagem, os sonhos as esperanças infundadas...Que aperto que sinto...Chega! Encontro-me só como nunca antes.

terça-feira, julho 13, 2010

sinto-me a entristecer
a tua ausência não me é saudável
nos dias que correm perdi-me do que hei-de fazer
a tua ausência torna-se insuportável...

sexta-feira, junho 18, 2010

José Saramago

Morreu neste triste dia,José Saramago, escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.


Passado, Presente, Futuro

Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"


Aprendamos, Amor

Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.

Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

quarta-feira, junho 16, 2010

Toquei-te na mão e deixei-me escorregar por qualquer caminho...
aleatório, em forma circular ou rectilínea, num continuo...
fui agarrando com cuidado e carinho cada pedaço teu,
a cada ínfimo instante, a cada toque..
até que te segurei o braço, e elevei-o para lá do horizonte
parei por mais um instante, para te voltar a olhar
para me fixar no teu semblante,
ainda não estou em mim, ainda não consigo acreditar
serenei-me mais um pouco e obriguei o tempo parar...
passei a mão pela tua cara,
a bochecha rosada, a delicadeza a suavidade
a plenitude, a tua tão peculiar quietude
fui guardando para mim cada contorno
cada paço que os meus dedos fazem
um infinito de sensações, a cada movimento que faço
num registo estendido para la do seu extensível
e penso para comigo, que nunca ousei pensar ter-te aqui tão perto.

Ouço o eco, aborrecido de todas as manhãs
acaba-se o meu tempo que julguei ter parado.
é hora de acordar, por muito que me custe.
espera-me o mundo lá fora,
e eu guardo para mim que tu também me esperes...um dia

segunda-feira, junho 07, 2010

Nos dias solarengos de calor imenso
ouviam-se nas cordas de uma guitarra de toque extenso
estorias, de louvar, cantos de loucura e dor
encantos, musica mas tambem odio e amor

Sentia-se o possivel e o impossivel
O arrepiar que agua fria nos tras,
a briza que o vento sopra e tanto nos apraz
a rugosidade da pedra de xisto ebrio
e ate se sentia do ceu o azul...



ao ouvir: Jesu, Joy Of Man's Desiring
mas sem comparações de genialidade lol

quarta-feira, junho 02, 2010

terça-feira, maio 18, 2010

.....

esqueço a ira que me invade
que se acabou a restia que tinha de energia
sobra-me o tao habitual e malfadado cansaço
canso-me do amuo e do amaço
do que sei e do que faço

acho que nunca me senti tão perdido
se é que alguma vez hei-de me ter encontrado
dou-me por esquecido e não achado.
tenho pena de ter assim seguido

não posso já fugir, à responsabiliade
da atitude e do mal que faço
são parte da vida, e em particular
do aperto desta maldade

Em volta tudo tem a mesma cor, sem tom
sem relevo ou sombra, ou forma delineada
sem cheiro sequer aroma nem som
uma vida de como um copo esvaziada,
um inferno diferente, um jazigo, uma campa imaculada

morri ontem, mas amanha hei-de renascer!
como uma fenix, da cinza costuma fazer,
um novo ser que eu tanto preciso
mas o problema de qualquer fenix nada tem a ver com morrer
a pobre está queimada, do juizo....






quarta-feira, maio 12, 2010

O Livro dos Amantes

I

Glorifiquei-te no eterno.

Eterno dentro de mim

fora de mim perecível.

Para que desses um sentido

a uma sede indefinível.


Para que desses um nome

à exactidão do instante

do fruto que cai na terra

sempre perpendicular

à humidade onde fica.


E o que acontece durante

na rapidez da descida

é a explicação da vida.

Natália Correia

sábado, abril 24, 2010

tatuagem

Escrevo a tinta-da-china em papel
que não mais é senão, pele.
Escrevo para, não (te) esquecer
para me lembrares das angustias e do sofrer

escrevo em tom singelo, dourado
na pele que é decorada a tons de por do sol
quisesse eu ilustrar em ti o infinito,
a cada contorno, em cada passada
uma sobre a outra, a cada camada


"não te apoquentes, não te amargures"
digo-te no que tento que seja o meu timbre mais calmo
as marcas da memoria desaparecem mais depressa
que as que dolorosamente me vais deixando
ao invés de eu te as decalcar

e lá vez em quando me jogo às contas mal feitas
o tempo que passa, e me deixa
quanto tempo será, muito tempo?
existirá mesmo, muito tempo?

Acabei a tatuagem, tatuei no cérebro
"tempo não é mais do que aquilo de dele fazemos"
mas ainda assim volta a minha duvida,
quanto tempo é muito tempo?...

é tarde, e à memoria já pouco ocorre
queria algo sublime, com que te deleitar
mas as mãos fidedignamente obedecem
ao entorpecer da mente, que se apega cada vez mais ao cansaço

quinta-feira, abril 22, 2010

hoje nada me serena e já chorei um diluvio...
mas a tempestestade parece não ter fim
um turbilhão de pensamentos
que corre de cá para lá...
uma infelicidade extrema,
e o incomodo, de não saber estar.

quero rebentar como que um vulcão
expelir todo o mal que trago cá dentro...
mas talvez por percausão de não ficar vazio
vou enchendo para lá de cheio.

hoje estou fulo e furioso
estou magoado e deslavado.
Apetecia-me gritar com tudo e com todos
pedir justificações a quem, e quem não as tem
tou com o desejo irresistivel de virar tudo do avesso
por tudo o que vejo de patas p'ro ar...

Nesta noite parece que o mundo irá mudar
mas ainda assim eu continuarei de mim esquecido.
errantemente... continuarei igual
teimoso e insignificante na minha pequenhês

Amanhã um novo dia começará,
mas não para todos, tal como o hoje acabará.
Este meu pequeno mundo mingou encolheu,
e aperta-me para onde quer que vá
Sinto-me sufocar, sinto-me sem falta de ar

pensei que na solidão, no silencio
pudesse por momento que fosse, repousar
mas hoje... não há onde possa descansar
estou ferido, e ja meio moribundo
e sem dramatismos, gostaria de chegar a um fim
mas não à porto que me receba e continuo à deriva.

sexta-feira, abril 02, 2010

o ultimo raio de sol


Diz-me porque és tu assim, tão fugaz?
Como a paciencia de quem na espera já não se apraz.
Porque te evaporas nas vielas?
Porque te escondes atrás delas?

Eu não sei, e nem consigo explicar
O que hei-de em ti ainda assim contemplar
Eu não sei, e nem consigo explicar
como ainda te procuro, nos minutos em que eu mesmo me perco a pensar...

a tua doçura, melosa e gratificante
tem em si, algo sublime e empolgante
um deleite que me derrete...

fazes-me lembrar talvez os dias solarengos
de calma banhada a prazer, talvez a tua quietude
me recorde daquela que eu sempre desejei ter

mas ainda assim não obstante
escondeste no meio do cinzento
de um qualquer dia nublado
tornaste invisivel aos demais
...meu ultimo raio de sol...

domingo, março 21, 2010

dia mundial da poesia

Wiki

Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
By: Fernando Pessoa

ALEGRÍA
hoja verde
caída en la ventana,
minúscula
claridad
recién nacida,
elefante sonoro,
deslumbrante
moneda,
a veces
ráfaga quebradiza,
pero
más bien
pan permanente,
esperanza cumplida,
deber desarrollado.
Te desdeñé, alegría.
Fui mal aconsejado.
La luna
me llevó por sus caminos.
Los antiguos poetas
me prestaron anteojos
y junto a cada cosa
un nimbo oscuro
puse,
sobre la flor una corona negra,
sobre la boca amada
un triste beso.
Aún es temprano.
Déjame arrepentirme.
Pensé que solamente
si quemaba
mi corazón
la zarza del tormento,
si mojaba la lluvia
mi vestido
en la comarca cárdena del luto,
si cerraba
los ojos a la rosa
y tocaba la herida,
si compartía todos los dolores,
yo ayudaba a los hombres.
No fui justo.
Equivoqué mis pasos
y hoy te llamo, alegría.

Como la tierra
eres
necesaria.

Como el fuego
sustentas
los hogares.

Como el pan
eres pura.

Como el agua de un río
eres sonora.

Como una abeja
repartes miel volando.

Alegría,
fui un joven taciturno,
hallé tu cabellera
escandalosa.

No era verdad, lo supe
cuando en mi pecho
desató su cascada.

Hoy, alegría,
encontrada en la calle,
lejos de todo libro,
acompáñame:

contigo
quiero ir de casa en casa,
quiero ir de pueblo en pueblo,
de bandera en bandera.
No eres para mí solo.
A las islas iremos,
a los mares.
A las minas iremos,
a los bosques.
No sólo leñadores solitarios,
pobres lavanderas
o erizados, augustos
picapedreros,
me van a recibir con tus racimos,
sino los congregados,
los reunidos,
los sindicatos de mar o madera,
los valientes muchachos
en su lucha.

Contigo por el mundo!
Con mi canto!
Con el vuelo entreabierto
de la estrella,
y con el regocijo
de la espuma!

Voy a cumplir con todos
porque debo
a todos mi alegría.

No se sorprenda nadie porque quiero
entregar a los hombres
los dones de la tierra,
porque aprendí luchando
que es mi deber terrestre
propagar la alegría.
Y cumplo mi destino con mi canto.
by: Pablo Neruda

A ceux qui sont petits
Est-ce ma faute à moi si vous n'êtes pas grands ?
Vous aimez les hiboux, les fouines, les tyrans,
Le mistral, le simoun, l'écueil, la lune rousse ;
Vous êtes Myrmidon que son néant courrouce ;
Hélas ! l'envie en vous creuse son puits sans fond,
Et je vous plains. Le plomb de votre style fond
Et coule sur les noms que dore un peu de gloire,
Et, tout en répandant sa triste lave noire,
Tâche d'être cuisant et ne peut qu'être lourd.
Tortueux, vous rampez après tout ce qui court ;
Votre oeil furieux suit les grands aigles véloces.
Vous reprochez leur taille et leur ombre aux colosses ;
On dit de vous : - Pygmée essaya, mais ne put.-
Qui haïra Chéops si ce n'est Lilliput ?
Le Parthénon vous blesse avec ses fiers pilastres ;
Vous êtes malheureux de la beauté des astres ;
Vous trouvez l'océan trop clair, trop noir, trop bleu ;
Vous détestez le ciel parce qu'il montre Dieu ;
Vous êtes mécontents que tout soit quelque chose ;
Hélas, vous n'êtes rien. Vous souffrez de la rose,
Du cygne, du printemps pas assez pluvieux.
Et ce qui rit vous mord. Vous êtes envieux
De voir voler la mouche et de voir le ver luire.
Dans votre jalousie acharnée à détruire
Vous comprenez quiconque aime, quiconque a foi,
Et même vous avez de la place pour moi !
Un brin d'herbe vous fait grincer s'il vous dépasse ;
Vous avez pour le monde auguste, pour l'espace,
Pour tout ce qu'on voit croître, éclairer, réchauffer,
L'infâme embrassement qui voudrait étouffer.
Vous avez juste autant de pitié que le glaive.
En regardant un champ vous maudissez la sève ;
L'arbre vous plaît à l'heure où la hache le fend ;
Vous avez quelque chose en vous qui vous défend
D'être bons, et la rage est votre rêverie.
Votre âme a froid par où la nôtre est attendrie ;
Vous avez la nausée où nous sentons l'aimant ;
Vous êtes monstrueux tout naturellement.
Vous grondez quand l'oiseau chante sous les grands ormes.
Quand la fleur, près de vous qui vous sentez difformes,
Est belle, vous croyez qu'elle le fait exprès.
Quel souffle vous auriez si l'étoile était près !
Vous croyez qu'en brillant la lumière vous blâme ;
Vous vous imaginez, en voyant une femme,
Que c'est pour vous narguer qu'elle prend un amant,
Et que le mois de mai vous verse méchamment
Son urne de rayons et d'encens sur la tête ;
Il vous semble qu'alors que les bois sont en fête,
Que l'herbe est embaumée et que les prés sont doux,
Heureux, frais, parfumés, charmants, c'est contre vous.
Vous criez : au secours ! quand le soleil se lève.
Vous exécrez sans but, sans choix, sans fin, sans trêve,
Sans effort, par instinct, pour mentir, pour trahir ;
Ce n'est pas un travail pour vous de tout haïr,
Fourmis, vous abhorrez l'immensité sans peine.
C'est votre joie impie, âcre, cynique, obscène.
Et vous souffrez. Car rien, hélas, n'est châtié
Autant que l'avorton, géant d'inimitié !
Si l'oeil pouvait plonger sous la voûte chétive
De votre crâne étroit qu'un instinct vil captive,
On y verrait l'énorme horizon de la nuit ;
Vous êtes ce qui bave, ignore, insulte et nuit ;
La montagne du mal est dans votre âme naine.

Plus le coeur est petit, plus il y tient de haine.
by: Victor Hugo

Der Erlkönig

Wer reitet so spät durch Nacht und Wind?
Es ist der Vater mit seinem Kind;
Er hat den Knaben wohl in dem Arm,
Er faßt ihn sicher, er hält ihn warm.

"Mein Sohn, was birgst du so bang dein Gesicht?" —
"Siehst, Vater, du den Erlkönig nicht?
Den Erlenkönig mit Kron und Schweif?" —
"Mein Sohn, es ist ein Nebelstreif."

"Du liebes Kind, komm, geh mit mir!
Gar schöne Spiele spiel' ich mit dir;
Manch' bunte Blumen sind an dem Strand,
Meine Mutter hat manch gülden Gewand." —

"Mein Vater, mein Vater, und hörest du nicht,
Was Erlenkönig mir leise verspricht?" —
"Sei ruhig, bleibe ruhig, mein Kind;
In dürren Blättern säuselt der Wind." —

"Willst, feiner Knabe, du mit mir gehen?
Meine Töchter sollen dich warten schön;
Meine Töchter führen den nächtlichen Reihn,
Und wiegen und tanzen und singen dich ein." —

"Mein Vater, mein Vater, und siehst du nicht dort
Erlkönigs Töchter am düstern Ort?" —
"Mein Sohn, mein Sohn, ich seh es genau:
Es scheinen die alten Weiden so grau. —"

"Ich liebe dich, mich reizt deine schöne Gestalt;
Und bist du nicht willig, so brauch ich Gewalt." —
"Mein Vater, mein Vater, jetzt faßt er mich an!
Erlkönig hat mir ein Leids getan!" —

Dem Vater grauset's, er reitet geschwind,
Er hält in Armen das ächzende Kind,
Erreicht den Hof mit Müh' und Not;
In seinen Armen das Kind war tot.


Amor e'l cor gentil
Corazón y el Amor son una cosa
sola y gentil -el sabio lo ha dictado.
Ninguno sin el otro ha palpitado,
que la razón no puede estar ociosa.

Falla natura cuando está amorosa,
y Amor o el Corazón por un cuidado;
transcurra el tiempo breve o dilatado,
lo mismo en inquietud que si reposa.

Si a la Bella se suma la Discreta,
y nuestra vista bebe su dulzura
colmando el corazón de ansia secreta,

del Amor al asedio que perdura
pidiendo estadio la Beldad nos reta
como bravo adalid en su armadura.
by: Dante Alighieri


A Fairy Song

Over hill, over dale,
Thorough bush, thorough brier,
Over park, over pale,
Thorough flood, thorough fire!
I do wander everywhere,
Swifter than the moon's sphere;
And I serve the Fairy Queen,
To dew her orbs upon the green;
The cowslips tall her pensioners be;
In their gold coats spots you see;
Those be rubies, fairy favours;
In those freckles live their savours;
I must go seek some dewdrops here,
And hang a pearl in every cowslip's ear.
by: William Shakespeare

a poem
How easy it is to live with You, O Lord.
How easy to believe in You.
When my spirit is overwhelmed within me,
When even the keenest see no further than the night,
And know not what to do tomorrow,
You bestow on me the certitude
That You exist and are mindful of me,
That all the paths of righteousness are not barred.
As I ascend in to the hill of earthly glory,
I turn back and gaze, astonished, on the road
That led me here beyond despair,
Where I too may reflect Your radiance upon mankind.
All that I may reflect, You shall accord me,
And appoint others where I shall fail.
by: Alexander Solzhenitsyn
para este foi complicado encontrar outro, sequer titulo ou versão original

haiku
Downtown
the smells of things…
summer moon
by: Nozawa Bonchō


farewell
Delicate line between heaven and earth...
The calm of the ages,
all the world's worth.
Such minuscule measure,
while we think it so grand...
Just five specks of smallness,
This soft quiet land.
So frail and so fleeting,
in the end you will see
Simple dreams were Horatio's philosophy.

For all the truth,
all creation,
all secrets of yore
Can be told in an instant,
by then they're no more.

Ah, The Unexplainable
All worries unsettled,
heartache unresolved...
All questions unanswered,
with death, shall be solved.

We already teeter,
this sheer cliff so high.
When we fall to corruption,
insecurities die.

To end is to start;
to surrender is to know.

Despair and depression,
together they grow.
Hope shall meet hopeless
when there's nowhere to go.
by: Misao Fujimura

death
Show me the person who doesn't die;
death remains impartial.
I recall a towering man
who is now a pile of dust-
the World Below knows no dawn
plants enjoy another spring
but those who visit this sorrowful place
the pine wind slays with grief.
by: Fenggan


Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
by: Mário de Sá Carneiro

Espanha - Pablo Neruda
França - V. Hugo
Alemanha - Goethe
Italia - Dante
UK - William Shakespeare
Russia - Aleksandr Solzhenitsyn
Japão Haiku - Nozawa Bonchō
Japão Poema - Misao Fujimura
China - Fenggan

segunda-feira, março 15, 2010

Não vejo, senão caminho à minha frente.
Perco o destino... Apenas caminhos por onde não vou,
sequer sei se quero entrar.

Consigo ver o final de todo e qualquer trilho
e ainda assim não sigo o que quero encontrar
Não existem brumas, nem ceu escuro,
não existe sequer o oculto ou o mistissismo desmedido.

Apavoro-me no o errar do passo,
o perder-me na corrida,
o cansar-me demasiado depressa,
ainda a ideia de poder desanimar,
o cair sem me conseguir voltar a levantar.
A corrida é longa e eu ainda não aprendi a respirar

terça-feira, janeiro 26, 2010

7

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.

By Mário de Sá Carneiro

quinta-feira, janeiro 21, 2010

implosão

farto o que sou, o que faço, o que vejo, o que oiço
tão farto que encho esta e ainda outra realidade.
grito para comigo o quão insuportavel tudo se tornou....ou me tornei.

Não caibo mais em mim,
nestas paredes ocas
neste vazio transbordante

Uma nova identidade é requerida é demandada
um novo ser, como se o ontem não tivesse existido
e ainda assim o amanha fosse inadiavel.


Uma nova maneira de estar
se quiser ser, a um novo despertar
um abandonar sem deixar saudades

Destruindo para isso a ideia que alguma vez se existiu
esquecendo os habitos e gostos
"a new reborn, demanding a new dawn"

Alguma vez acontecerá? ...

domingo, novembro 29, 2009

Sonhos

São pétalas, caules e flores
São campos de lezírias, são olivais
São sons dos que cantam, pardais
luzes de incandescencia iluminavel
sao as coisas simples, banais
vulgo da efemeridade
o deliciar de cada vontade
de cada movimento, de cada saudade
a espetacularidade no habitual
o feliz de quem possui felicidade
A simplicidade é a do sonho,
envolta na sua propria sobusta complexidade

sexta-feira, novembro 20, 2009

!

Já não a vejo...
Dor ou sequer agonia
Já não verei o dia de amanhã
que no tempo ja me sobejo
e amanha será tarde demais

olho, fixamente as flores, ja murchas
que secam, no veloz passar do tempo
que a mim me foge, e que quando o tento apanhar
sobra-me nas mãos apenas ar

e eu que pensava ser eterno
que o amanha nunca chegaria
dou por mim meio velho
meio morto de agonia

restam-me agora unicamente
duas metades de nada
o passado ja morreu
antes de mim, adoeceu
resta-me esta infinidade
este invisivel presente

domingo, agosto 02, 2009

As tampinhas.

Impressionante, eu nunca tinha pensado muito sobre o assunto, mas hoje finalmente vi como se desenrolou a ideia das tampinhas e da sua troca por material hortopedico.

Tampinhas

Tudo graças a uma enfermeira chamada Guadalupe e à Amarsul

quinta-feira, julho 30, 2009

No Entardecer dos Dias de Verão

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Férias!

segunda-feira, julho 20, 2009

40 anos e um dia depois da alunagem

Um dia depois de completados 40 anos da alunagem americana, deixo aqui alguns dados interessantes sobre a "corrida espacial":

Primeiro Satelite: Sputnik I (1957)
Primeiro ser vivo não humano no espaço: Sputnik II - Laika (1957)
Primeiro ser humano no espaço: Vostok I - Yuri Gagarin (1961)
Primeira mulher no espaço: Valentina Tereshkova (1963)
Primeiro país a chegar à lua: Luna 2 (1959)
Primeira orbita lunar: Apollo 8 (1968)
Primeiro ser humano na lua: Apollo 11 (1969)
Primeiro veiculo tripulado na lua: Apollo 17 (1972)
Primeiro veiculo não tripulado na lua, controlado da terra: Lunokhod 1 (1970)
Primeira estação espacial: Soyos (1960)
Estação espacial com mais tempo: MIR (1986)

Engraçado toda esta corrida multipartida, provocou grandes avanços na vida quotidiana, houve avanços até que foram uteis para o futuro como no caso do Lunokhod,
que voltou a ser utilizado como fonte de experiencia para a exploração de Marte, ou como o caso da MIR que voltou a ter forte impacto aquando da criação da estação espacial internacional.

Por fim fica aqui um belo poema sobre a exploração lunar:

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até os pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão de vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.

Mais um passo.
Mais outro.
Num sobrehumano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

António Gedeão : Poema do Astronauta (Poema do homem novo)

De salientar ainda:
- Sergey Pavlovich Korolyov (Cérebro do programa espacial Soviético)
- Wernher von Braun (Responsável pelo desenvolvimento do V-2 Nazi, e posteriormente principal responsável do programa espacial Americano)
- Alexander Kemurdzhian (Responsável pelo programa espacial robotico Soviético)

sábado, julho 11, 2009

Pescador

I

Marinheiro que tanto mistério abrigas, observa o mar,
Na sua constante luta, entre duvidas e certezas num constante digladiar
E tu vais também oscilando entre a mentira e a verdade
De uma moeda, de uma mesma realidade
Varias entre um gélido calor infernal, que tudo liquefaz
E um frio, que de tão quente tudo gela tudo mordaz


II

Que oscilação, pensas, tão puramente pungente,
Tão louca e sem sentido, tão inconsequente

E voltas ao divagar, vacilas entre a mais fervorosa alegria
E um choro triste, penoso, e por vezes comovente,
Uma felicidade que na verdade é ausente
Quando se condescende ao suplicia da dor.


III

Que intempérie tempestuosa… Hoje o mar encontra-se revoltado,
Será apenas contigo pescador que se encontra zangado?
Sopra um vento forte que trespassa o espectro morto, feito de matéria inanimada
E tu balanças-te à sorte numa insegura corda bamba, sobre o cordel feito de nada
E de outra perspectiva, és ironicamente, és sarcasticamente controlado, pelos próprios
Fios, atilhos, baraços, linhas, guitas, redes, malhas, chama-lhe o quiseres
Manipulam-te como a um fantoche, uma marioneta
E ainda assim julgas-te capaz de escrever, escrita de poeta


IV

Embalas de novo numa frenética vontade, num infinito querer
E regressas em seguida ao mais singelo, não saber o que pretender
E como numa onda, leva-te o mar a um sábio e profundo saber
E retorna-te em seguida à ignorância ou frustração, à insipiência, talvez ao ser


V

E tu bem sabes, que no momento em que o silencio voltar
Em que a tua constante duvida que se confunde com a do mar
Quando a mesma for resolvida, dissipada, respondida
Ou terás chegado a bom porto, ou parte integrante dele serás
Sim, do mar, desse que está tão ruidoso e zangado, tão irado
Mas nessa altura, tal como tu, estará silencioso e sossegado
Envolto em mistério, calmo, tranquilo e calado.

sexta-feira, julho 10, 2009

Marasmo

Deambulo entre o sentido do sentir
E a falta do mesmo em tudo o que digo
Alterno entre o triste, desconsolado
O frustrado, o solitário, o inanimado

Sinto-me cansado, como se transportasse um peso
Que não suporto aos meus ombros
Levanto-me na tentativa de não deixar morrer
O gesto que tenta alcançar-me

E em seguida fecho os olhos e deixo-me diluir
Perco o ser ou o sentir algures,
No acto de tentar vislumbrar-me no vazio
Fecho os olhos e subitamente desfaço-me
Diluo o que sou na realidade que me rodeia

E ou morri, ou de certo que me perdi
Já não sei quem ou o que sou,
Nem que limites me definem
Se é que alguma vez me defiram

Não sei o que hei-de sequer procurar
Sei simplesmente que não reconheço
Aquele que observo no reflexo
Não sei quem és, ou quem sou

E não, não é amnésia do que sofro
Apenas da falta de identidade que me defina
Ou que me redefina que esta não a reconheço
Nem pretendo sequer tentar sê-la, estou moribundo.


Bom fim de semana

quinta-feira, junho 25, 2009

:-) --> I hope

Deixa que me regozije mais uma vez com o teu olhar
Deixa que fique aqui em lugar distante neste deleite
Neste sonho de mil desejos, neste ébrio amar
Ouvindo o teu segredo ao meu ouvido segredar
Palavras de amor, carinhos audíveis, suaves delícias agoiras
Deixa-me ficar, só mais um pequeno momento,
Que aqui não chega aqui o tempo, o divagar das horas
Entre as nuvens de sonho perco o corpo, e quase a alma
Perco definitivamente o ser, o nervoso e a calma
No flutuar, no pensar infimamente o pormenor, no devaneio
Em lugar incerto da minha imaginação, vejo-te outra vez, vagueio
Outro deleite, outro palpite do coração

E deixa, deixa que te toque com suave toque de uma pena
Deixa que te beije como quem beija flores de açucenas
E mais uma vez me perco, no delírio de tais cenas

vem só mais um pouco, um pouquinho pequenino
que não te quero perder para outros, perder para o mundo
que aguarda impaciente lá fora
não desculpes a fuga, também eu já quis fugir
mas cansei-me de maldizer tudo, e não sair…

ri-te que o teu riso encandeia o mundo
mesmo o abismo mais profundo
ri-te que me trazes À memoria o sabor da alegria
e volto eu, espero que contigo, para outra fantasia
nesta quase imaculada estoria

vem não me deixes só, não dês à solidão
poucas que sejam as razões para aparecer,
que por vezes me faz refém e me cala o falar
que me deixa louco, sem saber o que dizer
vem não me abandones, nem em fantasias
que a sofreguidão foi muita por muitos dias

e repetindo o gesto, volto ao “toque suave de um beijo”
não sei onde ouvi tais palavras, tão proféticas
ou talvez elas mesmas suaves, talvez simplesmente poéticas
desvanece-se o espírito, derrete-se lentamente com o bailar do desejo

havia tanto tempo, passaram-se tantos mundos
tantos momentos mortos, tantos sofreres profundos
desde a ultima vez que senti alguém assim,
talvez encontre a felicidade por fim

sábado, junho 20, 2009

Porque acabaram os testes e vão agora começar os exames, e porque isto parece correr de mal a pior:

A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperavas
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto! Quero-te Tanto!

De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
Sao as minhas esperas

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto! Quero-te tanto!

De qualquer maneira depois da analogia, só falta o quero-te tanto, de resto os passos não são os correctos, os azares perseguem-me e escondem-se à espreita, e a vida vai entortando sem jamais se endireitar... E eu vou-me fartando


por falar em fartar:
"o tempo está quente,
jamais arrefece
e dar um mergulho
é tudo o que me apetece"
lame lol

quarta-feira, junho 03, 2009

...ha momentos assim

Estou amorfo, e do que sou, apenas mero esboço;
Monstruoso, no pensar, moribundo por sentir algo mais
Bato-me em divagações contínuas, vagas e de puro esforço
E do vazio em que me encontro, ecoam apenas mudos sinais

Amaldiçoo tudo e todos, nos becos que de silêncios se encharcam
Cheios dessa podridão, dessa escoria que vai tornando vil o seu peso
A mudez pesada, a promíscua paz, os silêncios… Que a todos os seres ultrajam
Abomino essa minha simples abominável, abominação que tanto odeio e desprezo
O ser, o sentir, o toque, o pensar, o ver, o gostar, malditos sejam.

Volto as costas ao mundo e aos que ensurdecem esta existência,
No ímpeto fecho os olhos, explicito a minha ira, o meu ódio com toda a violência
Retiro a faca e corto, a cada movimento mais um pouco do que vai sobrando
Mais um pouco da réstia, da besta que sinto morrer e vou calando.

Termino na impetuosidade do momento, com todo o asco, com todo o rancor
Que a vontade finalmente foi satisfeita, morro sem morrer de sequer com dor
Que mais vale o eterno dormir sem alguma vez sonhar,
À suposta vida, ou existência lamentavelmente ensombrada pelo contínuo azedar

sábado, maio 30, 2009

Por aí



Grande Concerto! do inicio ao fim



Original: Jimmi Hendrix
Contudo eu gosto mais desta versão (embora lhe falte a letra)

terça-feira, maio 05, 2009

Preciso Me Encontrar



Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Creditos:
"Preciso Me Encontrar"
Written by Candeia
Performed by Cartola

quinta-feira, abril 23, 2009

Sonho, com o rio e do mar uma nascente
Com a arvore, dela o fruto e a semente
Sonho distante, sonho o mundo
E o seu ensejo, o mais profundo

Talvez desejo ardente
Possuir-te devagar, calmamente
Depois excitante, fervente
O amor... acto amado que é da gente

E sem falas, ou palavreado
Vou-te tocando suavemente
Vou levitando, teu corpo alado

Enrosco-me em ti, estando tu ausente
Só o percebo já depois de acordado
No meio do rebuliço e do emaranhado

segunda-feira, abril 06, 2009

Me monster

Cega, por ser obcecada, é para além de mim
A raiva, que no seu dito esplendor, me venda
E surda é também, cá dentro de mim
A suposta razão que não passa de mito ou lenda

Já para tratar a insipidez e a indolência
Evoco a imaginação que me degusta,
Que me aprisiona em toda a sua demência
Faço-me tamanho monstro que até a mim me assusta

E se pensais que posso ter alguma sensibilidade
Não vos enganeis, nem inventeis meia verdade
As mãos que possuo, servem apenas para vos avisar
Deste dito demónio que me é impossível parar

De qualquer forma, são insensíveis a tudo o que seja demais
E também sem contar, com o instrumento de escrita, e pouco mais
Tocam apenas o vazio, ou em dias de sorte o mais fino ar
Que de resto, nada mais pode tocar, diga-se até conspurcar

Já não sinto absolutamente nada, nem alegria nem dor
Nem arrependimento, nem frio e nem calor
E no que seria, suposto de alguma forma sentir…
Eu sou céptico e não acredito em quem me possa mentir
Por isso calai-vos, raiva, razão, calai-vos todos, até eu e o meu ego
Ignoro-vos, fecho os olhos, viro a cara, fico surdo, fico por fim cego

É hora da tranquilidade, de fechar tudo, é hora de dormir
Ninguém saberá quando acordarei, talvez tenha passado a hora de partir
Contar-vos-ei para terminar um ou dois segredos
Esta noite, vou sepultar a minha loucura, vou enterrar os meus medos
Para que nunca mais os encontre, para que não mais os reconheça
Vou ser meu herói, independentemente do que daqui por diante aconteça.

terça-feira, março 31, 2009

Esquisito

Ouvi dizer:
Que os serões de inesgotável animação acabaram
Terminaram as histórias, das mais mirabolantes, às mais enviusadas
Como se fontes fossem, subitamente secaram
Todas elas infinitas no seu enredo e de perfume incomparáveis
Interromperam-se as esperanças incluindo as mais infundadas

E penso:
Para comigo, será que somos mesmo imortais,
Vivendo outras vidas para além desta?
Por outro lado, será que somos sequer racionais?
Quando questionamos as formas e usos mais banais
E em seguida acreditamos em histórias como esta…

Vou dizendo:
Para comigo, não questiones na óbvia esperança
De alcançar a toda a questão uma resposta, como fiança
Não perguntes para que outros te sigam as pisadas
Fá-lo, mas porque te questionas e duvidas das lógicas infundadas

E repenso...
Eu não vivo sob a intempérie de ódios profundos
Espero por outras chuvas, aquelas que me diluem
E que sem notar me elevam e transportam a outros mundos
E vou na corrente, com as gotas que nela fluem

Solidificando:
Mas não desejo mal de mim a outros, aos demais
Vou-me apenas servindo como posso, do meio inconstante
Sem grandes promessas e planos do hei-de fazer daqui por diante
Vejo o meu modo, como se de uma taça de vinho se tratasse

Encho e vazo:
So som da maré que me vai chamando
Encho e vazo, consoante a secura que a boca aflige
Encho e vazo, sem nunca estar cheio ou vazio, vou-me moldando
vezes sem conta, a imaginação trucidada que não se corrige

E no gesto que faço vezes sem conta, em gestos quase contínuos
Vou destilando a cada um deles as sérias e patéticas preocupações,
E vou lavando lentamente, vou vaporizando e acalmando as tempestuosas emoções
Vou deixando na taça o meu antagonismo, e o meu pessimismo
Vou diluindo e desbotando o meu ser, o ego que é meu
Vou escondendo nos entre folhos o meu lado mais obscuro
esse que é tão mau e difícil, de ideias fixas, é o que na consciência seguro
E no por fim pergunto, já longe do ser, quem sou eu?
Se a taça que se enche e vaza ou o vinho envelhecido pelo derrotismo.

segunda-feira, março 23, 2009

Absurdo

Sinto nas palavras a falta de contexto
O desnexo e a sua falta de sentido
E por vezes nem consigo conter
Nem detenho o acto irreflectido
De em voz alta as dizer.

Sinto na vida que tenho, a falta de tempo,
O absurdo que aos poucos transforma o meu ordinário,
O sentir repetidas vezes, quase desnecessário.

Sinto no ar que tento respirar,
A sua quase total ausência
Que me vai estrangulando na sua inexistência
Que me vem a cada novo inspirar sentenciar

E também sinto no espaço que ocupo
O aumentar claustrofóbico da minha vontade
O espaço já de si diminuto
Restringe ainda mais a sua pouca disponibilidade

Sinto no que vejo, observo e admiro
Um não sei quê de mentira ou falsidade
Um afrontamento e por vezes a falta de verdade
Não sei que absurdo é este, mas ao que disse nada retiro

Sinto em meu redor mais do que de mim
Sinto a acomodação a outros costumes
Um entender da eternidade que não cabe em mim
Uma satisfação por poder testemunhar dias assim
Imutáveis no conteúdo, vazios de jovialidade
Mergulhados em absurdo e escassa autenticidade

E por fim sinto-me agora frio quase a congelar
Sinto-me triste, abatido quase ao ponto de chorar
Sinto-me aqui e ali, algures a pairar
Rodeado de gente
Satisfeita, orgulhosa e contente
E eu insatisfeito reúno a amargura e a solidão
Para o fúnebre enterro do próprio, que não vê noutros a razão

sexta-feira, março 20, 2009

Silencios

o silencio que a todos ofereço
não é por simples motivo , sequer é inibição
é talvez porque não tendo que dizer, eu já nada confesso
e as palavras perdem por vezes o seu sentido, a sua razão
por vezes as palavras por mim ditas, perdem o seu apreço

E como tal desabituei o falar, o conversar
o partilhar de historias, e até de as contar
esqueci como dizer o que sinto
e por vezes na fuga de tal, até minto

e no sepulcro em que me encontro habitualmente
vejo o mundo lá fora... comigo dele ausente
e assim observo todos os movimentos, de toda a gente

e se por ventura me demorar
se me perder num qualquer lugar
é simplesmente porque terei encontrado alguem
sem palavras ditas à mistura,porque porem
falarei horas a fio, simplesmente pelo olhar

quinta-feira, março 19, 2009

vazio

farto o sentido do viver
o contemplar do envelhecer
farto o mundo e tudo o que nele existe
tudo odeio até as palavras que proferiste

e calado oiço o ruido em volta
escuto os risos e gargalhadas
vejo as conquistas e as vidas derrotadas
e em todas elas vejo a minha revolta

tomo em conta a opção do suicidio
a morte da mente o fim do delirio
tento convencer-me, a morte nunca foi solução

é um fim e também esse não tem qualquer razão
Sinto-me mais uma vez perdido ao acaso e sem rumo
e é tal o vazio que é impossivel seu inumo

Piano...

Hoje ouvi um piano e tocou-me de forma tão eloquente
Disse-me mais do que uma pessoa, diss-me sobre o que não fala a gente
Procurava ele de forma incessante as notas soltas de uma melodia
Procurou-as com convicção noite e dia

O sossego e tranquilidade seguiram-se por um energético pulsar
das suas teclas tão obstinadamente marteladas
Ao leve toque ou ao compulsivo bater, afinadas
quase impossível de seguir o ritmo conturbado,
e seguia-se o retorno ao tom mais sossegado

elevando-se em seguida à altura que distancia o corpo da respectiva alma
e a transportar-me a sentimentos que transportam sempre algo mais que simples calma
e em todo o caos orquestral do momento, no meio dos violinos, violoncelos
entre trompetes, trombones, fagotes, flautas, oboés e clarinetes
marca a sua presença neste quase jogo de marionetes.

agora oiçam-no taciturno...
veloz, melódico e ofuscante
pára... e regressa marcante
assinala toda a música
marca o ritmo
eleva a insustentável leveza idiossincrásica
desaba e renasce
alegra e entristece
morre, ressurge e regressa
a cada bater, a cada teclar
do mais forte ao mais suave
do mais audível ao mais ensurdecedor
esbate a tristeza, milagre quase da natureza
mata a doença afasta qualquer dor,
a cada bater, a cada teclar…
cessa a música e a eloquencia
finda o som, só não a minha demencia
enlouqueci, sem notar.

terça-feira, março 17, 2009

obscuridades

esgueira-se aos poucos a vida
e com ela o riso e a vontade
toda a felicidade até a não tida
extingue-se a mentira e a verdade
sume-se a fome e a fartura
o sonho a fantasia e o devaneio
o amor sequer a tortura
o ser proprio até o alheio
no final apenas o vazio
contido em linhas de um ébrio
ou talvez alucinado sombrio

morte tras-me na alcova o aconchego
que à tanto a que não chego
tira-me o tapete e cairei contigo
mata-me somente que suporta-la não consigo

segunda-feira, março 02, 2009

Solitude!

esqueço o tempo e a vontade de lembrar
esqueço minutos e esqueço horas
esqueço que ha um mundo la fora

e à medida que o corpo se vai dissipando
em todo o espaço envolvente, em todo o redor
quase me esqueço até que existo tão só

e aqui sozinho, que ninguem sabe deste lugar
partilho segredos e outras tantas vontades
mostro-me quem sou, para que não o esqueça
e por fim cuido toda e qualquer ideia que floresça neste jardim

e penso no facto de que a solidão por si é um mundo
que me envolve e me rodeia, que me cerca como uma teia
e neste pesado silencio observo-a, que so ja se ouve o meu pensar
de tanto a olhar, finalmente posso afirmar que o isolamento é abismo deveras profundo

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

cansado

Mais um segundo passou
No relógio que me assombra no seu bater
E o sentido ainda não despontou

Mais um minuto a caminho de enlouquecer!
Sem que tivesse sequer desviado o olhar
O tempo não pára nem nos deixa sossegar

Chegam as horas, e o tempo de me animar
Já não tenho porque temer, nem porque chorar
A vida continua ao seu ritmo parando a cada impulso

Passam dias sem pressa e ainda assim a correr
passam semanas sem que saiba o que realmente querer
Sequer sei porventura o que hei-de fazer

Um ano já passou
Desde que comecei a escrever
E não alterei quem sou
Também não descobri que quero ser
Continuo à deriva, sem rumo e sem caminho
Sem ainda saber para onde vou
Sei apenas que não andarei sozinho

outro tempo mais vasto passou
E as preocupações não deixaram de me atormentar
e o tempo não deixou de me tentar a cada passo matar
mas mesmo com tanto tempo, o tempo não me ultrapassou
porque no fundo eu sou feito de tempo
e nem eu conheço quem sou.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Esquecimento vicio, defeito ou doença?

O esquecimento é doença ou talvez defeito, sempre dolorosamente sentido!
Verdade, que não doi quando irremediavelmente se esquece,
mas simplesmente quando alguem se lembra do esquecido
eis senão quando toda a desgraça acontece!

E o pobre do cronico esquecido
em muito pouco tempo embrutece
quando todos lhe ditam ao ouvido
Isto e aquilo "Francamente nunca se esquece!"

nos dias que correm de tudo eu me esqueço
e muito sinceramente não sei se tal castigo mereço!
para terem uma ideia, eu esqueço-me mais vulgarmente do lembrar
eu esqueço-me do que tenho feito e ate do que tenho para fazer

esqueço isto e aquilo, esqueço o mundo e o pensar
por vezes até me esqueço meramente de esquecer
hoje por exemplo esqueci-me de dormir, mas nada o fazia prever
para não falar quando esqueço que o tempo não tem sitio onde parar
e perco horas perdido, a esquecer as horas a passar
Involuntariamente infelizmente até forçosamente ja me estava a esquecer...
quando o pior acontece e me esqueço simplesmente de viver

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Estado...

quem me dera como o ceu conseguir fazer
e num momento simplesmente poder desabar
pois no sitio onde me encontro ninguem me pode ajudar
mas algo mais forte que eu, tal impede de acontecer

para mim o tempo perdeu o seu significado
o meu cerebro desacelarou a sua velocidade
e não voltara tao depressa por sua vontade
nao sei mais que faça, sinto-me amaldiçoado

e nesta solidão em que me encontro perdido
complemento apenas a paisagem com outro vazio
e na desolação invento, na ruina até o choro aluvio

tento à minha regularidade regressar
e nas tarefas rutineiras tento-me acalmar
mas nem o pranto ou seque a saudade se têm esbatido

...Avós

choro convulsivo e desabrido
Que as lágrimas nem deixas sair
triste sentimento de culpa ou apenas de sentir
até a memoria foge, em momento tao sentido

A cada meu suspiro, a cada meu pesar,
recordo-te em vida
que a morte é pensamento dificil de suportar
ou sequer simplemente de pensar
tenho até a consciencia combalida

e não sei ja que faça, sinto-me e vejo-me já perdido
e não sei já que pense, sinto-me tão abatido
não percebo tal razão da vida, tão insolente
não entendo porque ta roubaram, tao repentinamente

e no sofrimento que felizmente não atravessaste
foi mais pobres e mais sós que nos deixaste
o pior de tudo foi a companhia que desta nos levaste

Mas se o que dizem é verdade
imortais sao aqueles impossiveis de esquecer
e da minha jamais sairão, por minha vontade
lé etermamente viverão, e isso é algo que nem tenho que prometer

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Aos avós

choro convulsivo e desabrido
Que as lágrimas não deixaste sair
triste sentimento de culpa ou apenas de sentir
até a memoria foge, em momento tão sentido

A cada meu suspiro, a cada meu pesar,
recordo-vos em vida
que a morte é pensamento dificil de suportar
ou sequer simplemente de pensar
tenho até a consciencia combalida.

e não sei que faça, sinto-me e vejo-me já perdido
e não sei que pense, sinto-me tão abatido
não percebo tal razão da vida, tão insolente
não entendo porque vos a roubaram, tao repentinamente

e no sofrimento que infelizmente atravessaram
foi mais pobres e mais sós que nos deixaram
o pior de tudo foi a companhia que desta nos a levaram
Mas se o que dizem é verdade
imortais são aqueles impossiveis de esquecer
e da minha memória jamais sairão, por minha vontade
lá etermamente viverão, e isso é algo que nem tenho de prometer
A vossa falta, é tão presente, que a promessa se torna realidade....

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Amor?

Amor… Não é uma obra poética
Sequer arte, ou possui qualquer forma simpática
Amor não tem que ser, nem é perfeito
Sequer é lírico, e nem à beleza está sujeito

Amor não é soneto, nem poema de amor é amor
E não, mesmo sendo injusto, não é exclusivamente dor
Diria claramente e ironicamente, é amorfo na sua estrutura
E amor não é sinónimo, sequer aparentado de doçura

1- Insolvente, cruel e muito possivelmente prática demente
1- Não necessariamente triste, e não, não simplesmente um sentimento
1- É ainda assim desprovido de qualquer racionalismo

1- Amor é simplesmente, de forma pungente… talvez semente
1- Fonte de inspiração até de algum… romantismo, claramente extremismo
1- Faca de dois gumes, corta todo o caminho, até de quem dele é claramente dependente

2- Insolvente, cruel e muito possivelmente prática de demente
2- por vezes ainda, arrebatador. E outras tantas deprimente
2- É ainda assim desprovido de qualquer sentido de razão.

2- Amor é simplesmente, de forma pungente… Talvez semente
2- Rio cheio de água, água fluente, forte é a corrente...
2- Amor é uma doença, é traiçoeiro mas fundamentalmente finda na imensidão.

Historias de tempo

Atropela-me o tempo, na sua vontade
e passam as horas de mais um dia...
atropela-se o sentir e a saudade,
e vejo ao longe o fim da ínfima chama que então ardia

Longo o caminho, maior talvez seja a distancia
Extenso o percurso, desd'a tenra infância
passaram anos e anos, sem me lembrar
De tal saudade, sem simplesmente me recordar…

Não que viva nas memorias,
mas fazem-me falta tais historias
os sons de outrora e até o viver

Recordo as mágoas e as alegrias
as inibições e outras tantas ousadias
recordo tudo mesmo o futuro, até me recordo morrer.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

relutancia....

não quero sentir
o mal que me fazes e que se acentua…
não quero ouvir
os ecos de vozes que não a tua

não quero acordar
nem me pretendo da cama levantar
não quero sonhar
e farto o que quer que possa calhar

deixem-me desgarrado
deixem-me só e abandonado
quero simplesmente a atenção focar
quero simplesmente deixar o pensamento a dilacerar
o cansaço que me vai apodrecendo
que me vai matando e corrompendo

Mas infelizmente o cansaço não é o pior
A tua indiferença e esquecimento
mói todo o meu sentimento,
E sem que te apercebas vai-me demolindo o interior…

E eu bem me apercebo e até sei
Que desprezo, ou indiferença, também ta dei
Mas… a tua inalterável fuga, em constante ensejo
Levam até a que vá bem contra o meu desejo

E sou assim obrigado até a dizer um “desculpa”
Mas penso que o teu comportamento incorre mais inculpa
Mas não vou agora embarcar em acusações

Espero em breve poder rever
A tua face, o teu esbelto ser
Não me desapontes, não me despedaces em mil porções

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Dedicado a alguém....

Dia Mau
Ornatos Violeta

Composição: Indisponível

Não quis guardá-lo para mim
E com a dimensão da dor
Legitimar o fim
Eu dei
Mas foi para mostrar
Não havendo amor de volta
Nada impede a fonte de secar
Mas tanto pior
E quem sou eu para te ensinar agora
A ver o lado claro de um dia mau

Eu sei
A tua vida foi
Marcada pela dor de não saber aonde dói
Mas vê bem
Não houve à luz do dia
Quem não tenha provado
O travo amargo da melancolia
E então rapaz então porquê a raiva
Se a culpa não é minha
Serão efeitos secundários da poesia

Mas para quê gastar o meu tempo
A ver se aperto a tua mão
Eu tenho andado a pensar em nós
Já que os teus pés não descolam do chão
Dizes que eu dou só por gostar
Pois vou dar-te a provar
O travo amargo da solidão

É só mais um dia mau

quarta-feira, janeiro 07, 2009

infelizmente o tempo nao pára

quem dera o tempo gelar,
que fosse por um momento
para te ver vezes sem conta, ali ficar
no tempo parado, saborear cada elemento

e no mundo, ja em movimento
retiras a particula que vestes
e a minha imaginação até despes
na tranquilidade de um unico sentimento

volta-se o tempo a gelar
e observo assim o que é a perfeição
observo a beleza que vestes, sem a retirar

saudo o esbelto instante, a ocasião
sentir assim o mundo tao insignificante
aliviando enfim a minha tristeza tao marcante

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Vincos

quem me dera carregar no reset, e apagar a memoria
nao pretendo mais continuar esta historia
peço que se cale de uma vez o orador
que já não suporto, este amor
peço que troque a historia
que assim morrerei sem qualquer gloria
ainda não passou de meio…e eu já lhe conheço o final
é historia contada, é repetida e normal

a resposta da pergunta nunca feita
é sempre um não na cabeça idealizada
é como se fosse receita
de sabor amargo, e quase finalizada

quem me dera inequivocamente esquecer
até do facto de simplesmente existir
quem dera terminar, tão somente o ser
ou tomar droga tão potente,
que me retirasse o amargo e quase eloquente
feroz, sereno e essencialmente sadomasoquista sentir

que me obriga a carregar
no ventre o nó irremediavelmente vincado
que me obriga a transportar
o coração que nem com punhos seria tão ousadamente apertado
como dantes diria, é triste viver sem ser amado
mas mais ainda não conseguir esquecer quem nos tem magoado



(Claramente um excelente inicio de ano)

terça-feira, dezembro 30, 2008

desatino

Depois do nevoeiro se dissipar
Encontro-me sozinho, a olhar
O estrago que o gelo não deixa reparar
Da ténue barreira que do abismo me está a separar.

E o nó que me vai torturando,
O quanto sofro em silencio, me impede sequer de to dizer
Deixa-me perplexo e a pouco e pouco vai me secando,
Não o amor que ao papel confesso, mas vida e o viver.

E sei que estou na delicada linha da depressão
E a cada segundo que passa ela pára, o coração
Para logo a seguir ele voltar, no regresso da tua recordação

E não pretendo ser sistemático, ou sequer tornar a coisa doentia
Mas o engasgo é grande, e tem forte ousadia
Tal que pára as palavras, até a forte embalagem do rio ele torna estada
Tal que gela sob o nevoeiro e regressa a cada duvida suscitada

Serei triste ou amado?
Posso-me considerar feliz, ou abandonado?
Alguma vez me sentirei simplesmente consolado?

E sem teu sinal, que por vezes tarda em aparecer
Sinto-me até agoniado de tanto sofrer
Mas não posso desanimar,
E precipito a imaginação, para que comece a trabalhar

E não vejo outrem senão a ti, em belo lugar
Acompanhada por mim e mil beijos, que assim não custa sonhar
E penso para mim, como serão teus lábios no beijar
Teu carinho no abraçar
E não que questione, mas, como será teu amor, no amar.

Sôfrego, anseio em tanta dor
Deliro sozinho, desvairo o amor
Fecho os olhos e…E volto a olhar-te a cada momento que te vi
Recordo os olhos, a boca, o nariz, cada traço vejo ao pormenor,
Os gestos, os silêncios, e sobretudo as conversas…
E a embora longe, ou talvez não, vejo-te vezes em conta, simplesmente a ti
Em todos vejo um reflexo de afecto, reflexo encantador
Suspiro, Soluço, sem vir a chorar
Não que a vontade não chegue, é simplesmente demasiado a lamentar

E bem sei que o amor é doença
Alienada a toda uma só crença
A de dar, mais que receber
A de amar, ser forte a ponto de tudo sofrer
E ainda assim ter força suficiente apenas para crer…

Tal virose me corrói como se me afundasse
Sem que eu nadar sequer soubesse, e me afogasse
Empurra-me para a profundeza,
Longínqua agora que falo, da própria tristeza

E a tal distância volto os olhos a abrir
E lá no fundo, quase em sonho, vejo
O meu amor outra vez a florescer, e volto a sorrir
Vejo-te acenar, a dizer adeus…Quem dera soubesses meu desejo
E a outro em seguida te juntas na agonia do meu destino
Já nem sei se durma…Ou sequer que faça, que desatino
e no silencio das tuas expressões,
Vejo o espelho da minha agonia,
Que arde sem parar, qual lava de vulcões
Como o amor que sinto, em profundidade sombria
volto a ansiar, para te olhar, e simplesmente questionar
e para ao mesmo tempo espero, me poder alegrar…
No final crepuscular,
Já quando o sol, começa a fraquejar
Açoita o grilo o silencio do quase luar,
Que ainda não é chegada a demora nocturna
Apenas o frio se apressou na abordagem
E em toda aquela quietude, sente-se a taciturna
Aquela que nunca se quer atrasar, excomungada solidão…
E em tal paisagem, contemplo a tua miragem
que o amor hoje não me apaziguou a exaltação
Nem me serviu sequer de consolo à frustração
E depois de decidido a tentar esquecer
Vem o pensamento a negar tal querer

Já a noite vai longa e eu disperso no sentir
Já não sei se foi a noite que me congelou com o ar gelado
(Se tu com a indiferença com que fazes tal rumor se ouvir )
Se tu com a indiferença que o meu querer jamais pretendia ouvir
Tenho agora a cada instante o coração, ora exaltado ora parado
Que ele mesmo vai contando os minutos até que o silencio se despedace
E para minha infelicidade
Nada nem alguém parecem querer saciar tal saudade
E era apenas esse o sonho que eu pretendia que alguém sonhasse
E depois de decidido a tal paisagem esquecer
Vem o pensamento a negar tal querer

A manhã ainda não raiou, e ainda se faz noite
Ocorrem-me mil pensamentos, um pensar afoite
todos com o mesmo nome, o mesmo ser
todos me dão esperança, me fazem crer
E depois de decidido a acreditar
Somente tu, tal poderás negar