sexta-feira, junho 18, 2010

José Saramago

Morreu neste triste dia,José Saramago, escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.


Passado, Presente, Futuro

Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"


Aprendamos, Amor

Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.

Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

quarta-feira, junho 16, 2010

Toquei-te na mão e deixei-me escorregar por qualquer caminho...
aleatório, em forma circular ou rectilínea, num continuo...
fui agarrando com cuidado e carinho cada pedaço teu,
a cada ínfimo instante, a cada toque..
até que te segurei o braço, e elevei-o para lá do horizonte
parei por mais um instante, para te voltar a olhar
para me fixar no teu semblante,
ainda não estou em mim, ainda não consigo acreditar
serenei-me mais um pouco e obriguei o tempo parar...
passei a mão pela tua cara,
a bochecha rosada, a delicadeza a suavidade
a plenitude, a tua tão peculiar quietude
fui guardando para mim cada contorno
cada paço que os meus dedos fazem
um infinito de sensações, a cada movimento que faço
num registo estendido para la do seu extensível
e penso para comigo, que nunca ousei pensar ter-te aqui tão perto.

Ouço o eco, aborrecido de todas as manhãs
acaba-se o meu tempo que julguei ter parado.
é hora de acordar, por muito que me custe.
espera-me o mundo lá fora,
e eu guardo para mim que tu também me esperes...um dia

segunda-feira, junho 07, 2010

Nos dias solarengos de calor imenso
ouviam-se nas cordas de uma guitarra de toque extenso
estorias, de louvar, cantos de loucura e dor
encantos, musica mas tambem odio e amor

Sentia-se o possivel e o impossivel
O arrepiar que agua fria nos tras,
a briza que o vento sopra e tanto nos apraz
a rugosidade da pedra de xisto ebrio
e ate se sentia do ceu o azul...



ao ouvir: Jesu, Joy Of Man's Desiring
mas sem comparações de genialidade lol

quarta-feira, junho 02, 2010