domingo, novembro 29, 2009

Sonhos

São pétalas, caules e flores
São campos de lezírias, são olivais
São sons dos que cantam, pardais
luzes de incandescencia iluminavel
sao as coisas simples, banais
vulgo da efemeridade
o deliciar de cada vontade
de cada movimento, de cada saudade
a espetacularidade no habitual
o feliz de quem possui felicidade
A simplicidade é a do sonho,
envolta na sua propria sobusta complexidade

sexta-feira, novembro 20, 2009

!

Já não a vejo...
Dor ou sequer agonia
Já não verei o dia de amanhã
que no tempo ja me sobejo
e amanha será tarde demais

olho, fixamente as flores, ja murchas
que secam, no veloz passar do tempo
que a mim me foge, e que quando o tento apanhar
sobra-me nas mãos apenas ar

e eu que pensava ser eterno
que o amanha nunca chegaria
dou por mim meio velho
meio morto de agonia

restam-me agora unicamente
duas metades de nada
o passado ja morreu
antes de mim, adoeceu
resta-me esta infinidade
este invisivel presente

domingo, agosto 02, 2009

As tampinhas.

Impressionante, eu nunca tinha pensado muito sobre o assunto, mas hoje finalmente vi como se desenrolou a ideia das tampinhas e da sua troca por material hortopedico.

Tampinhas

Tudo graças a uma enfermeira chamada Guadalupe e à Amarsul

quinta-feira, julho 30, 2009

No Entardecer dos Dias de Verão

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Férias!

segunda-feira, julho 20, 2009

40 anos e um dia depois da alunagem

Um dia depois de completados 40 anos da alunagem americana, deixo aqui alguns dados interessantes sobre a "corrida espacial":

Primeiro Satelite: Sputnik I (1957)
Primeiro ser vivo não humano no espaço: Sputnik II - Laika (1957)
Primeiro ser humano no espaço: Vostok I - Yuri Gagarin (1961)
Primeira mulher no espaço: Valentina Tereshkova (1963)
Primeiro país a chegar à lua: Luna 2 (1959)
Primeira orbita lunar: Apollo 8 (1968)
Primeiro ser humano na lua: Apollo 11 (1969)
Primeiro veiculo tripulado na lua: Apollo 17 (1972)
Primeiro veiculo não tripulado na lua, controlado da terra: Lunokhod 1 (1970)
Primeira estação espacial: Soyos (1960)
Estação espacial com mais tempo: MIR (1986)

Engraçado toda esta corrida multipartida, provocou grandes avanços na vida quotidiana, houve avanços até que foram uteis para o futuro como no caso do Lunokhod,
que voltou a ser utilizado como fonte de experiencia para a exploração de Marte, ou como o caso da MIR que voltou a ter forte impacto aquando da criação da estação espacial internacional.

Por fim fica aqui um belo poema sobre a exploração lunar:

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até os pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão de vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.

Mais um passo.
Mais outro.
Num sobrehumano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

António Gedeão : Poema do Astronauta (Poema do homem novo)

De salientar ainda:
- Sergey Pavlovich Korolyov (Cérebro do programa espacial Soviético)
- Wernher von Braun (Responsável pelo desenvolvimento do V-2 Nazi, e posteriormente principal responsável do programa espacial Americano)
- Alexander Kemurdzhian (Responsável pelo programa espacial robotico Soviético)

sábado, julho 11, 2009

Pescador

I

Marinheiro que tanto mistério abrigas, observa o mar,
Na sua constante luta, entre duvidas e certezas num constante digladiar
E tu vais também oscilando entre a mentira e a verdade
De uma moeda, de uma mesma realidade
Varias entre um gélido calor infernal, que tudo liquefaz
E um frio, que de tão quente tudo gela tudo mordaz


II

Que oscilação, pensas, tão puramente pungente,
Tão louca e sem sentido, tão inconsequente

E voltas ao divagar, vacilas entre a mais fervorosa alegria
E um choro triste, penoso, e por vezes comovente,
Uma felicidade que na verdade é ausente
Quando se condescende ao suplicia da dor.


III

Que intempérie tempestuosa… Hoje o mar encontra-se revoltado,
Será apenas contigo pescador que se encontra zangado?
Sopra um vento forte que trespassa o espectro morto, feito de matéria inanimada
E tu balanças-te à sorte numa insegura corda bamba, sobre o cordel feito de nada
E de outra perspectiva, és ironicamente, és sarcasticamente controlado, pelos próprios
Fios, atilhos, baraços, linhas, guitas, redes, malhas, chama-lhe o quiseres
Manipulam-te como a um fantoche, uma marioneta
E ainda assim julgas-te capaz de escrever, escrita de poeta


IV

Embalas de novo numa frenética vontade, num infinito querer
E regressas em seguida ao mais singelo, não saber o que pretender
E como numa onda, leva-te o mar a um sábio e profundo saber
E retorna-te em seguida à ignorância ou frustração, à insipiência, talvez ao ser


V

E tu bem sabes, que no momento em que o silencio voltar
Em que a tua constante duvida que se confunde com a do mar
Quando a mesma for resolvida, dissipada, respondida
Ou terás chegado a bom porto, ou parte integrante dele serás
Sim, do mar, desse que está tão ruidoso e zangado, tão irado
Mas nessa altura, tal como tu, estará silencioso e sossegado
Envolto em mistério, calmo, tranquilo e calado.

sexta-feira, julho 10, 2009

Marasmo

Deambulo entre o sentido do sentir
E a falta do mesmo em tudo o que digo
Alterno entre o triste, desconsolado
O frustrado, o solitário, o inanimado

Sinto-me cansado, como se transportasse um peso
Que não suporto aos meus ombros
Levanto-me na tentativa de não deixar morrer
O gesto que tenta alcançar-me

E em seguida fecho os olhos e deixo-me diluir
Perco o ser ou o sentir algures,
No acto de tentar vislumbrar-me no vazio
Fecho os olhos e subitamente desfaço-me
Diluo o que sou na realidade que me rodeia

E ou morri, ou de certo que me perdi
Já não sei quem ou o que sou,
Nem que limites me definem
Se é que alguma vez me defiram

Não sei o que hei-de sequer procurar
Sei simplesmente que não reconheço
Aquele que observo no reflexo
Não sei quem és, ou quem sou

E não, não é amnésia do que sofro
Apenas da falta de identidade que me defina
Ou que me redefina que esta não a reconheço
Nem pretendo sequer tentar sê-la, estou moribundo.


Bom fim de semana

quinta-feira, junho 25, 2009

:-) --> I hope

Deixa que me regozije mais uma vez com o teu olhar
Deixa que fique aqui em lugar distante neste deleite
Neste sonho de mil desejos, neste ébrio amar
Ouvindo o teu segredo ao meu ouvido segredar
Palavras de amor, carinhos audíveis, suaves delícias agoiras
Deixa-me ficar, só mais um pequeno momento,
Que aqui não chega aqui o tempo, o divagar das horas
Entre as nuvens de sonho perco o corpo, e quase a alma
Perco definitivamente o ser, o nervoso e a calma
No flutuar, no pensar infimamente o pormenor, no devaneio
Em lugar incerto da minha imaginação, vejo-te outra vez, vagueio
Outro deleite, outro palpite do coração

E deixa, deixa que te toque com suave toque de uma pena
Deixa que te beije como quem beija flores de açucenas
E mais uma vez me perco, no delírio de tais cenas

vem só mais um pouco, um pouquinho pequenino
que não te quero perder para outros, perder para o mundo
que aguarda impaciente lá fora
não desculpes a fuga, também eu já quis fugir
mas cansei-me de maldizer tudo, e não sair…

ri-te que o teu riso encandeia o mundo
mesmo o abismo mais profundo
ri-te que me trazes À memoria o sabor da alegria
e volto eu, espero que contigo, para outra fantasia
nesta quase imaculada estoria

vem não me deixes só, não dês à solidão
poucas que sejam as razões para aparecer,
que por vezes me faz refém e me cala o falar
que me deixa louco, sem saber o que dizer
vem não me abandones, nem em fantasias
que a sofreguidão foi muita por muitos dias

e repetindo o gesto, volto ao “toque suave de um beijo”
não sei onde ouvi tais palavras, tão proféticas
ou talvez elas mesmas suaves, talvez simplesmente poéticas
desvanece-se o espírito, derrete-se lentamente com o bailar do desejo

havia tanto tempo, passaram-se tantos mundos
tantos momentos mortos, tantos sofreres profundos
desde a ultima vez que senti alguém assim,
talvez encontre a felicidade por fim

sábado, junho 20, 2009

Porque acabaram os testes e vão agora começar os exames, e porque isto parece correr de mal a pior:

A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperavas
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto! Quero-te Tanto!

De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
Sao as minhas esperas

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto! Quero-te tanto!

De qualquer maneira depois da analogia, só falta o quero-te tanto, de resto os passos não são os correctos, os azares perseguem-me e escondem-se à espreita, e a vida vai entortando sem jamais se endireitar... E eu vou-me fartando


por falar em fartar:
"o tempo está quente,
jamais arrefece
e dar um mergulho
é tudo o que me apetece"
lame lol

quarta-feira, junho 03, 2009

...ha momentos assim

Estou amorfo, e do que sou, apenas mero esboço;
Monstruoso, no pensar, moribundo por sentir algo mais
Bato-me em divagações contínuas, vagas e de puro esforço
E do vazio em que me encontro, ecoam apenas mudos sinais

Amaldiçoo tudo e todos, nos becos que de silêncios se encharcam
Cheios dessa podridão, dessa escoria que vai tornando vil o seu peso
A mudez pesada, a promíscua paz, os silêncios… Que a todos os seres ultrajam
Abomino essa minha simples abominável, abominação que tanto odeio e desprezo
O ser, o sentir, o toque, o pensar, o ver, o gostar, malditos sejam.

Volto as costas ao mundo e aos que ensurdecem esta existência,
No ímpeto fecho os olhos, explicito a minha ira, o meu ódio com toda a violência
Retiro a faca e corto, a cada movimento mais um pouco do que vai sobrando
Mais um pouco da réstia, da besta que sinto morrer e vou calando.

Termino na impetuosidade do momento, com todo o asco, com todo o rancor
Que a vontade finalmente foi satisfeita, morro sem morrer de sequer com dor
Que mais vale o eterno dormir sem alguma vez sonhar,
À suposta vida, ou existência lamentavelmente ensombrada pelo contínuo azedar

sábado, maio 30, 2009

Por aí



Grande Concerto! do inicio ao fim



Original: Jimmi Hendrix
Contudo eu gosto mais desta versão (embora lhe falte a letra)

terça-feira, maio 05, 2009

Preciso Me Encontrar



Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Creditos:
"Preciso Me Encontrar"
Written by Candeia
Performed by Cartola

quinta-feira, abril 23, 2009

Sonho, com o rio e do mar uma nascente
Com a arvore, dela o fruto e a semente
Sonho distante, sonho o mundo
E o seu ensejo, o mais profundo

Talvez desejo ardente
Possuir-te devagar, calmamente
Depois excitante, fervente
O amor... acto amado que é da gente

E sem falas, ou palavreado
Vou-te tocando suavemente
Vou levitando, teu corpo alado

Enrosco-me em ti, estando tu ausente
Só o percebo já depois de acordado
No meio do rebuliço e do emaranhado

segunda-feira, abril 06, 2009

Me monster

Cega, por ser obcecada, é para além de mim
A raiva, que no seu dito esplendor, me venda
E surda é também, cá dentro de mim
A suposta razão que não passa de mito ou lenda

Já para tratar a insipidez e a indolência
Evoco a imaginação que me degusta,
Que me aprisiona em toda a sua demência
Faço-me tamanho monstro que até a mim me assusta

E se pensais que posso ter alguma sensibilidade
Não vos enganeis, nem inventeis meia verdade
As mãos que possuo, servem apenas para vos avisar
Deste dito demónio que me é impossível parar

De qualquer forma, são insensíveis a tudo o que seja demais
E também sem contar, com o instrumento de escrita, e pouco mais
Tocam apenas o vazio, ou em dias de sorte o mais fino ar
Que de resto, nada mais pode tocar, diga-se até conspurcar

Já não sinto absolutamente nada, nem alegria nem dor
Nem arrependimento, nem frio e nem calor
E no que seria, suposto de alguma forma sentir…
Eu sou céptico e não acredito em quem me possa mentir
Por isso calai-vos, raiva, razão, calai-vos todos, até eu e o meu ego
Ignoro-vos, fecho os olhos, viro a cara, fico surdo, fico por fim cego

É hora da tranquilidade, de fechar tudo, é hora de dormir
Ninguém saberá quando acordarei, talvez tenha passado a hora de partir
Contar-vos-ei para terminar um ou dois segredos
Esta noite, vou sepultar a minha loucura, vou enterrar os meus medos
Para que nunca mais os encontre, para que não mais os reconheça
Vou ser meu herói, independentemente do que daqui por diante aconteça.

terça-feira, março 31, 2009

Esquisito

Ouvi dizer:
Que os serões de inesgotável animação acabaram
Terminaram as histórias, das mais mirabolantes, às mais enviusadas
Como se fontes fossem, subitamente secaram
Todas elas infinitas no seu enredo e de perfume incomparáveis
Interromperam-se as esperanças incluindo as mais infundadas

E penso:
Para comigo, será que somos mesmo imortais,
Vivendo outras vidas para além desta?
Por outro lado, será que somos sequer racionais?
Quando questionamos as formas e usos mais banais
E em seguida acreditamos em histórias como esta…

Vou dizendo:
Para comigo, não questiones na óbvia esperança
De alcançar a toda a questão uma resposta, como fiança
Não perguntes para que outros te sigam as pisadas
Fá-lo, mas porque te questionas e duvidas das lógicas infundadas

E repenso...
Eu não vivo sob a intempérie de ódios profundos
Espero por outras chuvas, aquelas que me diluem
E que sem notar me elevam e transportam a outros mundos
E vou na corrente, com as gotas que nela fluem

Solidificando:
Mas não desejo mal de mim a outros, aos demais
Vou-me apenas servindo como posso, do meio inconstante
Sem grandes promessas e planos do hei-de fazer daqui por diante
Vejo o meu modo, como se de uma taça de vinho se tratasse

Encho e vazo:
So som da maré que me vai chamando
Encho e vazo, consoante a secura que a boca aflige
Encho e vazo, sem nunca estar cheio ou vazio, vou-me moldando
vezes sem conta, a imaginação trucidada que não se corrige

E no gesto que faço vezes sem conta, em gestos quase contínuos
Vou destilando a cada um deles as sérias e patéticas preocupações,
E vou lavando lentamente, vou vaporizando e acalmando as tempestuosas emoções
Vou deixando na taça o meu antagonismo, e o meu pessimismo
Vou diluindo e desbotando o meu ser, o ego que é meu
Vou escondendo nos entre folhos o meu lado mais obscuro
esse que é tão mau e difícil, de ideias fixas, é o que na consciência seguro
E no por fim pergunto, já longe do ser, quem sou eu?
Se a taça que se enche e vaza ou o vinho envelhecido pelo derrotismo.

segunda-feira, março 23, 2009

Absurdo

Sinto nas palavras a falta de contexto
O desnexo e a sua falta de sentido
E por vezes nem consigo conter
Nem detenho o acto irreflectido
De em voz alta as dizer.

Sinto na vida que tenho, a falta de tempo,
O absurdo que aos poucos transforma o meu ordinário,
O sentir repetidas vezes, quase desnecessário.

Sinto no ar que tento respirar,
A sua quase total ausência
Que me vai estrangulando na sua inexistência
Que me vem a cada novo inspirar sentenciar

E também sinto no espaço que ocupo
O aumentar claustrofóbico da minha vontade
O espaço já de si diminuto
Restringe ainda mais a sua pouca disponibilidade

Sinto no que vejo, observo e admiro
Um não sei quê de mentira ou falsidade
Um afrontamento e por vezes a falta de verdade
Não sei que absurdo é este, mas ao que disse nada retiro

Sinto em meu redor mais do que de mim
Sinto a acomodação a outros costumes
Um entender da eternidade que não cabe em mim
Uma satisfação por poder testemunhar dias assim
Imutáveis no conteúdo, vazios de jovialidade
Mergulhados em absurdo e escassa autenticidade

E por fim sinto-me agora frio quase a congelar
Sinto-me triste, abatido quase ao ponto de chorar
Sinto-me aqui e ali, algures a pairar
Rodeado de gente
Satisfeita, orgulhosa e contente
E eu insatisfeito reúno a amargura e a solidão
Para o fúnebre enterro do próprio, que não vê noutros a razão

sexta-feira, março 20, 2009

Silencios

o silencio que a todos ofereço
não é por simples motivo , sequer é inibição
é talvez porque não tendo que dizer, eu já nada confesso
e as palavras perdem por vezes o seu sentido, a sua razão
por vezes as palavras por mim ditas, perdem o seu apreço

E como tal desabituei o falar, o conversar
o partilhar de historias, e até de as contar
esqueci como dizer o que sinto
e por vezes na fuga de tal, até minto

e no sepulcro em que me encontro habitualmente
vejo o mundo lá fora... comigo dele ausente
e assim observo todos os movimentos, de toda a gente

e se por ventura me demorar
se me perder num qualquer lugar
é simplesmente porque terei encontrado alguem
sem palavras ditas à mistura,porque porem
falarei horas a fio, simplesmente pelo olhar

quinta-feira, março 19, 2009

vazio

farto o sentido do viver
o contemplar do envelhecer
farto o mundo e tudo o que nele existe
tudo odeio até as palavras que proferiste

e calado oiço o ruido em volta
escuto os risos e gargalhadas
vejo as conquistas e as vidas derrotadas
e em todas elas vejo a minha revolta

tomo em conta a opção do suicidio
a morte da mente o fim do delirio
tento convencer-me, a morte nunca foi solução

é um fim e também esse não tem qualquer razão
Sinto-me mais uma vez perdido ao acaso e sem rumo
e é tal o vazio que é impossivel seu inumo

Piano...

Hoje ouvi um piano e tocou-me de forma tão eloquente
Disse-me mais do que uma pessoa, diss-me sobre o que não fala a gente
Procurava ele de forma incessante as notas soltas de uma melodia
Procurou-as com convicção noite e dia

O sossego e tranquilidade seguiram-se por um energético pulsar
das suas teclas tão obstinadamente marteladas
Ao leve toque ou ao compulsivo bater, afinadas
quase impossível de seguir o ritmo conturbado,
e seguia-se o retorno ao tom mais sossegado

elevando-se em seguida à altura que distancia o corpo da respectiva alma
e a transportar-me a sentimentos que transportam sempre algo mais que simples calma
e em todo o caos orquestral do momento, no meio dos violinos, violoncelos
entre trompetes, trombones, fagotes, flautas, oboés e clarinetes
marca a sua presença neste quase jogo de marionetes.

agora oiçam-no taciturno...
veloz, melódico e ofuscante
pára... e regressa marcante
assinala toda a música
marca o ritmo
eleva a insustentável leveza idiossincrásica
desaba e renasce
alegra e entristece
morre, ressurge e regressa
a cada bater, a cada teclar
do mais forte ao mais suave
do mais audível ao mais ensurdecedor
esbate a tristeza, milagre quase da natureza
mata a doença afasta qualquer dor,
a cada bater, a cada teclar…
cessa a música e a eloquencia
finda o som, só não a minha demencia
enlouqueci, sem notar.

terça-feira, março 17, 2009

obscuridades

esgueira-se aos poucos a vida
e com ela o riso e a vontade
toda a felicidade até a não tida
extingue-se a mentira e a verdade
sume-se a fome e a fartura
o sonho a fantasia e o devaneio
o amor sequer a tortura
o ser proprio até o alheio
no final apenas o vazio
contido em linhas de um ébrio
ou talvez alucinado sombrio

morte tras-me na alcova o aconchego
que à tanto a que não chego
tira-me o tapete e cairei contigo
mata-me somente que suporta-la não consigo

segunda-feira, março 02, 2009

Solitude!

esqueço o tempo e a vontade de lembrar
esqueço minutos e esqueço horas
esqueço que ha um mundo la fora

e à medida que o corpo se vai dissipando
em todo o espaço envolvente, em todo o redor
quase me esqueço até que existo tão só

e aqui sozinho, que ninguem sabe deste lugar
partilho segredos e outras tantas vontades
mostro-me quem sou, para que não o esqueça
e por fim cuido toda e qualquer ideia que floresça neste jardim

e penso no facto de que a solidão por si é um mundo
que me envolve e me rodeia, que me cerca como uma teia
e neste pesado silencio observo-a, que so ja se ouve o meu pensar
de tanto a olhar, finalmente posso afirmar que o isolamento é abismo deveras profundo

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

cansado

Mais um segundo passou
No relógio que me assombra no seu bater
E o sentido ainda não despontou

Mais um minuto a caminho de enlouquecer!
Sem que tivesse sequer desviado o olhar
O tempo não pára nem nos deixa sossegar

Chegam as horas, e o tempo de me animar
Já não tenho porque temer, nem porque chorar
A vida continua ao seu ritmo parando a cada impulso

Passam dias sem pressa e ainda assim a correr
passam semanas sem que saiba o que realmente querer
Sequer sei porventura o que hei-de fazer

Um ano já passou
Desde que comecei a escrever
E não alterei quem sou
Também não descobri que quero ser
Continuo à deriva, sem rumo e sem caminho
Sem ainda saber para onde vou
Sei apenas que não andarei sozinho

outro tempo mais vasto passou
E as preocupações não deixaram de me atormentar
e o tempo não deixou de me tentar a cada passo matar
mas mesmo com tanto tempo, o tempo não me ultrapassou
porque no fundo eu sou feito de tempo
e nem eu conheço quem sou.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Esquecimento vicio, defeito ou doença?

O esquecimento é doença ou talvez defeito, sempre dolorosamente sentido!
Verdade, que não doi quando irremediavelmente se esquece,
mas simplesmente quando alguem se lembra do esquecido
eis senão quando toda a desgraça acontece!

E o pobre do cronico esquecido
em muito pouco tempo embrutece
quando todos lhe ditam ao ouvido
Isto e aquilo "Francamente nunca se esquece!"

nos dias que correm de tudo eu me esqueço
e muito sinceramente não sei se tal castigo mereço!
para terem uma ideia, eu esqueço-me mais vulgarmente do lembrar
eu esqueço-me do que tenho feito e ate do que tenho para fazer

esqueço isto e aquilo, esqueço o mundo e o pensar
por vezes até me esqueço meramente de esquecer
hoje por exemplo esqueci-me de dormir, mas nada o fazia prever
para não falar quando esqueço que o tempo não tem sitio onde parar
e perco horas perdido, a esquecer as horas a passar
Involuntariamente infelizmente até forçosamente ja me estava a esquecer...
quando o pior acontece e me esqueço simplesmente de viver

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Estado...

quem me dera como o ceu conseguir fazer
e num momento simplesmente poder desabar
pois no sitio onde me encontro ninguem me pode ajudar
mas algo mais forte que eu, tal impede de acontecer

para mim o tempo perdeu o seu significado
o meu cerebro desacelarou a sua velocidade
e não voltara tao depressa por sua vontade
nao sei mais que faça, sinto-me amaldiçoado

e nesta solidão em que me encontro perdido
complemento apenas a paisagem com outro vazio
e na desolação invento, na ruina até o choro aluvio

tento à minha regularidade regressar
e nas tarefas rutineiras tento-me acalmar
mas nem o pranto ou seque a saudade se têm esbatido

...Avós

choro convulsivo e desabrido
Que as lágrimas nem deixas sair
triste sentimento de culpa ou apenas de sentir
até a memoria foge, em momento tao sentido

A cada meu suspiro, a cada meu pesar,
recordo-te em vida
que a morte é pensamento dificil de suportar
ou sequer simplemente de pensar
tenho até a consciencia combalida

e não sei ja que faça, sinto-me e vejo-me já perdido
e não sei já que pense, sinto-me tão abatido
não percebo tal razão da vida, tão insolente
não entendo porque ta roubaram, tao repentinamente

e no sofrimento que felizmente não atravessaste
foi mais pobres e mais sós que nos deixaste
o pior de tudo foi a companhia que desta nos levaste

Mas se o que dizem é verdade
imortais sao aqueles impossiveis de esquecer
e da minha jamais sairão, por minha vontade
lé etermamente viverão, e isso é algo que nem tenho que prometer

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Aos avós

choro convulsivo e desabrido
Que as lágrimas não deixaste sair
triste sentimento de culpa ou apenas de sentir
até a memoria foge, em momento tão sentido

A cada meu suspiro, a cada meu pesar,
recordo-vos em vida
que a morte é pensamento dificil de suportar
ou sequer simplemente de pensar
tenho até a consciencia combalida.

e não sei que faça, sinto-me e vejo-me já perdido
e não sei que pense, sinto-me tão abatido
não percebo tal razão da vida, tão insolente
não entendo porque vos a roubaram, tao repentinamente

e no sofrimento que infelizmente atravessaram
foi mais pobres e mais sós que nos deixaram
o pior de tudo foi a companhia que desta nos a levaram
Mas se o que dizem é verdade
imortais são aqueles impossiveis de esquecer
e da minha memória jamais sairão, por minha vontade
lá etermamente viverão, e isso é algo que nem tenho de prometer
A vossa falta, é tão presente, que a promessa se torna realidade....

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Amor?

Amor… Não é uma obra poética
Sequer arte, ou possui qualquer forma simpática
Amor não tem que ser, nem é perfeito
Sequer é lírico, e nem à beleza está sujeito

Amor não é soneto, nem poema de amor é amor
E não, mesmo sendo injusto, não é exclusivamente dor
Diria claramente e ironicamente, é amorfo na sua estrutura
E amor não é sinónimo, sequer aparentado de doçura

1- Insolvente, cruel e muito possivelmente prática demente
1- Não necessariamente triste, e não, não simplesmente um sentimento
1- É ainda assim desprovido de qualquer racionalismo

1- Amor é simplesmente, de forma pungente… talvez semente
1- Fonte de inspiração até de algum… romantismo, claramente extremismo
1- Faca de dois gumes, corta todo o caminho, até de quem dele é claramente dependente

2- Insolvente, cruel e muito possivelmente prática de demente
2- por vezes ainda, arrebatador. E outras tantas deprimente
2- É ainda assim desprovido de qualquer sentido de razão.

2- Amor é simplesmente, de forma pungente… Talvez semente
2- Rio cheio de água, água fluente, forte é a corrente...
2- Amor é uma doença, é traiçoeiro mas fundamentalmente finda na imensidão.

Historias de tempo

Atropela-me o tempo, na sua vontade
e passam as horas de mais um dia...
atropela-se o sentir e a saudade,
e vejo ao longe o fim da ínfima chama que então ardia

Longo o caminho, maior talvez seja a distancia
Extenso o percurso, desd'a tenra infância
passaram anos e anos, sem me lembrar
De tal saudade, sem simplesmente me recordar…

Não que viva nas memorias,
mas fazem-me falta tais historias
os sons de outrora e até o viver

Recordo as mágoas e as alegrias
as inibições e outras tantas ousadias
recordo tudo mesmo o futuro, até me recordo morrer.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

relutancia....

não quero sentir
o mal que me fazes e que se acentua…
não quero ouvir
os ecos de vozes que não a tua

não quero acordar
nem me pretendo da cama levantar
não quero sonhar
e farto o que quer que possa calhar

deixem-me desgarrado
deixem-me só e abandonado
quero simplesmente a atenção focar
quero simplesmente deixar o pensamento a dilacerar
o cansaço que me vai apodrecendo
que me vai matando e corrompendo

Mas infelizmente o cansaço não é o pior
A tua indiferença e esquecimento
mói todo o meu sentimento,
E sem que te apercebas vai-me demolindo o interior…

E eu bem me apercebo e até sei
Que desprezo, ou indiferença, também ta dei
Mas… a tua inalterável fuga, em constante ensejo
Levam até a que vá bem contra o meu desejo

E sou assim obrigado até a dizer um “desculpa”
Mas penso que o teu comportamento incorre mais inculpa
Mas não vou agora embarcar em acusações

Espero em breve poder rever
A tua face, o teu esbelto ser
Não me desapontes, não me despedaces em mil porções

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Dedicado a alguém....

Dia Mau
Ornatos Violeta

Composição: Indisponível

Não quis guardá-lo para mim
E com a dimensão da dor
Legitimar o fim
Eu dei
Mas foi para mostrar
Não havendo amor de volta
Nada impede a fonte de secar
Mas tanto pior
E quem sou eu para te ensinar agora
A ver o lado claro de um dia mau

Eu sei
A tua vida foi
Marcada pela dor de não saber aonde dói
Mas vê bem
Não houve à luz do dia
Quem não tenha provado
O travo amargo da melancolia
E então rapaz então porquê a raiva
Se a culpa não é minha
Serão efeitos secundários da poesia

Mas para quê gastar o meu tempo
A ver se aperto a tua mão
Eu tenho andado a pensar em nós
Já que os teus pés não descolam do chão
Dizes que eu dou só por gostar
Pois vou dar-te a provar
O travo amargo da solidão

É só mais um dia mau

quarta-feira, janeiro 07, 2009

infelizmente o tempo nao pára

quem dera o tempo gelar,
que fosse por um momento
para te ver vezes sem conta, ali ficar
no tempo parado, saborear cada elemento

e no mundo, ja em movimento
retiras a particula que vestes
e a minha imaginação até despes
na tranquilidade de um unico sentimento

volta-se o tempo a gelar
e observo assim o que é a perfeição
observo a beleza que vestes, sem a retirar

saudo o esbelto instante, a ocasião
sentir assim o mundo tao insignificante
aliviando enfim a minha tristeza tao marcante

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Vincos

quem me dera carregar no reset, e apagar a memoria
nao pretendo mais continuar esta historia
peço que se cale de uma vez o orador
que já não suporto, este amor
peço que troque a historia
que assim morrerei sem qualquer gloria
ainda não passou de meio…e eu já lhe conheço o final
é historia contada, é repetida e normal

a resposta da pergunta nunca feita
é sempre um não na cabeça idealizada
é como se fosse receita
de sabor amargo, e quase finalizada

quem me dera inequivocamente esquecer
até do facto de simplesmente existir
quem dera terminar, tão somente o ser
ou tomar droga tão potente,
que me retirasse o amargo e quase eloquente
feroz, sereno e essencialmente sadomasoquista sentir

que me obriga a carregar
no ventre o nó irremediavelmente vincado
que me obriga a transportar
o coração que nem com punhos seria tão ousadamente apertado
como dantes diria, é triste viver sem ser amado
mas mais ainda não conseguir esquecer quem nos tem magoado



(Claramente um excelente inicio de ano)