sexta-feira, setembro 23, 2005

O ultimo desta série


O mundo move-se no espaço que me rodeia
No curto tempo, que por vezes escaceia,
E eu especado, sem nada fazer, fico apenas a olhar
Observando no aspecto das coisas a mudança,
Mas não me movo, nao me mexo, para que não me possam mudar
Para que fique para sempre eu, ainda tenho essa esperança
E assim fico estático, a ver o tempo e a sua passagem
Como um rio que corre para a foz, como uma crinça que acaba de nascer
Mas eu não me modifico, apenas sentado fico, numa margem
a ver o rio que passa, a ver a criança crescer...


Agora é tempo de escola e de estudar...Agora é tempo de passar nas disciplinas e ver se daqui por um ou dois anos acabo o bacharelato...Agora é tempo de estudar, é tempo de dar tempo ao blog!


Até sempre :)

...

Há tempo para tudo, (ou quase tudo), a mudança compõe grande parte do nosso tempo, por isso e porque cada vez mais me distancio do blog, resolvi dar um tempo também ao blog, para que eu mude, para que me expresse de outra forma, para que veja as coisas em sentidos diferentes, em sentidos mais amplos, mais criativos...Para que alargue os meus horizontes, para não deprimir em casa todos os dias enquanto espero que alguem aqui venha dizer talvez uma palavra amiga...Por isso vou dar um tempo, talvez venha com coisas novas, pelo menos é esse o objectivo.

Deixo aqui como jeito de despedida (talvez breve) um poema de um dos meus escritores favoritos (Mario De Sá Carneiro):

Além Tédio

Nada me expira já, nada me vive.-
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim, de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na noite sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia,
Cada vez mais velozes, mais esguios...

in:Dispersão



PS- peço desculpa a algumas pessoas, em especial às que mais aqui vinham...Peço desculpa mas tenho que ter tempo, e o tempo aqui foge-me.

terça-feira, setembro 20, 2005

Pensamentos...

Quem me dera de ti não me lembrar
A saber que andas perdida nas ruas do meu pensamento
acompanhada apenas da amarga sensação do esquecimento
quem me dera não lembrar...

No fundo queria apenas de mim me esquecer,
daquilo que sou, quem me dera saber o que quero ser
....
Que devo fazer? apenas sito uma estrofe bastante conhecida...

..."A cidade está deserta
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura
Ora amarga! ora doce
Pra nos lembrar que o amor é uma doença
Quando nele julgamos ver a nossa cura
"

Julguei talvez em ti ver a minha cura, e agora que me perco nos becos do esquecimento, e me encontro por vezes nas avenidas da loucura, reparo em mim e posso afirmar que estou realmente doente...

sexta-feira, setembro 16, 2005

Florbela Espanca

Alma Perdida

Toda esta noite o rouxinol cantou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, alma doente
De alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!

in: "Livro de Mágoas"

terça-feira, setembro 13, 2005

E depois das férias, regressam as aulas e ficam os pedaços de recordações do verão...



Pois é o regresso às aulas, o regresso a Setúbal...


Seleção dos "capitulos" de Verão
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Tanto se passou, e não voltará a ser
Tanto que te tinha para dizer
Mas achei as palavras vagas e traiçoeiras
as palavras eram tristes e brejeiras
talvez porque pensa-se que o olhar por si falasse
Porque achei que assim ele te encontrasse
E assim distanciei-me na minha mudez
tornei-me essencialmente estranho, e triste por uma ou outra vez...

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Nas longas horas nocturnas o sono desaparece
Fecho os olhos na esperança que possas de alguma forma aparecer
Penso em ti, outra e outra vez, rezo talvez uma prece
Caio no desespero, parece que nada acontece, senão quando aparece uma fada
Que me atormenta o pensamento já profundo, e a ti te volta a fazer ser,
Uma loucura, uma outra doçura, uma imensidão de prazer...
Tento por fim dormir e por um fim à longa jornada,
Porque o tempo não espera e o dia parece querer a toda o custo amanhecer
Mas apenas penso no momento em que te voltarei a ver no que hei-de talvez fazer
Penso muito..E no fundo sei que apenas penso em nada...
Pois o cansaço me vence na já longa madrugada!
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O pensamento já não me deixa dormir
Quero a toda a força atrás voltar
Ao ponto de partida, às capelas...A todo o lugar
Eu simplesmento quero ir...

Fecho mais uma vez os olhos e protrume na cama cansado
Sonho contigo na esperança de alguma vez regressar
Aos momentos bons, aqueles em que contigo tenho sonhado
A todos quero voltar...
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Mões-me o pensamento
Mões o sentimento
A culpa de não te poder falar
Volta uma vez mais a me culpabilizar...
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De sonhos vivo, mas não consigo adormecer
porque quando fecho os olhos és a primeira a aparecer
E tento talvez de olhos fechado fazer o que não fiz
Tento dizer-te que ao pé de ti de qualquer forma sou feliz!
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Noutras Horas e Noutros momentos!
Receita da infelicidade
Estou tão triste e miserável
Tão seco e detestável...
Paixão efémera que não se dilui
nas calmas águas do choro que fui...
Sento-me por um instante
e penso em ti não obstante,
em ti, perto e não distante,
Em ti penso noite e dia, estrela cintilante...
Pergunto então a mim,
Porque me calo e consinto tal mudez?
Porque não te digo por fim?
Porque penso eu isso ser apenas estupidez?
Porque guardo em mim o sentimento e a insatifação?
Porque não te digo que te Amo, de vez?
Porque me escondo abatido pelo medo da rejeição?
Porque deixo eu murchar as feições e o coração?
Porque não falo, porque não digo?
Porque me calo e em seguida desligo?
Apenas e simplesmento porquê? Ou por outra, poruque não?
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Regressei!

segunda-feira, setembro 05, 2005