terça-feira, dezembro 30, 2008

desatino

Depois do nevoeiro se dissipar
Encontro-me sozinho, a olhar
O estrago que o gelo não deixa reparar
Da ténue barreira que do abismo me está a separar.

E o nó que me vai torturando,
O quanto sofro em silencio, me impede sequer de to dizer
Deixa-me perplexo e a pouco e pouco vai me secando,
Não o amor que ao papel confesso, mas vida e o viver.

E sei que estou na delicada linha da depressão
E a cada segundo que passa ela pára, o coração
Para logo a seguir ele voltar, no regresso da tua recordação

E não pretendo ser sistemático, ou sequer tornar a coisa doentia
Mas o engasgo é grande, e tem forte ousadia
Tal que pára as palavras, até a forte embalagem do rio ele torna estada
Tal que gela sob o nevoeiro e regressa a cada duvida suscitada

Serei triste ou amado?
Posso-me considerar feliz, ou abandonado?
Alguma vez me sentirei simplesmente consolado?

E sem teu sinal, que por vezes tarda em aparecer
Sinto-me até agoniado de tanto sofrer
Mas não posso desanimar,
E precipito a imaginação, para que comece a trabalhar

E não vejo outrem senão a ti, em belo lugar
Acompanhada por mim e mil beijos, que assim não custa sonhar
E penso para mim, como serão teus lábios no beijar
Teu carinho no abraçar
E não que questione, mas, como será teu amor, no amar.

Sôfrego, anseio em tanta dor
Deliro sozinho, desvairo o amor
Fecho os olhos e…E volto a olhar-te a cada momento que te vi
Recordo os olhos, a boca, o nariz, cada traço vejo ao pormenor,
Os gestos, os silêncios, e sobretudo as conversas…
E a embora longe, ou talvez não, vejo-te vezes em conta, simplesmente a ti
Em todos vejo um reflexo de afecto, reflexo encantador
Suspiro, Soluço, sem vir a chorar
Não que a vontade não chegue, é simplesmente demasiado a lamentar

E bem sei que o amor é doença
Alienada a toda uma só crença
A de dar, mais que receber
A de amar, ser forte a ponto de tudo sofrer
E ainda assim ter força suficiente apenas para crer…

Tal virose me corrói como se me afundasse
Sem que eu nadar sequer soubesse, e me afogasse
Empurra-me para a profundeza,
Longínqua agora que falo, da própria tristeza

E a tal distância volto os olhos a abrir
E lá no fundo, quase em sonho, vejo
O meu amor outra vez a florescer, e volto a sorrir
Vejo-te acenar, a dizer adeus…Quem dera soubesses meu desejo
E a outro em seguida te juntas na agonia do meu destino
Já nem sei se durma…Ou sequer que faça, que desatino
e no silencio das tuas expressões,
Vejo o espelho da minha agonia,
Que arde sem parar, qual lava de vulcões
Como o amor que sinto, em profundidade sombria
volto a ansiar, para te olhar, e simplesmente questionar
e para ao mesmo tempo espero, me poder alegrar…

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