quinta-feira, março 19, 2009

Piano...

Hoje ouvi um piano e tocou-me de forma tão eloquente
Disse-me mais do que uma pessoa, diss-me sobre o que não fala a gente
Procurava ele de forma incessante as notas soltas de uma melodia
Procurou-as com convicção noite e dia

O sossego e tranquilidade seguiram-se por um energético pulsar
das suas teclas tão obstinadamente marteladas
Ao leve toque ou ao compulsivo bater, afinadas
quase impossível de seguir o ritmo conturbado,
e seguia-se o retorno ao tom mais sossegado

elevando-se em seguida à altura que distancia o corpo da respectiva alma
e a transportar-me a sentimentos que transportam sempre algo mais que simples calma
e em todo o caos orquestral do momento, no meio dos violinos, violoncelos
entre trompetes, trombones, fagotes, flautas, oboés e clarinetes
marca a sua presença neste quase jogo de marionetes.

agora oiçam-no taciturno...
veloz, melódico e ofuscante
pára... e regressa marcante
assinala toda a música
marca o ritmo
eleva a insustentável leveza idiossincrásica
desaba e renasce
alegra e entristece
morre, ressurge e regressa
a cada bater, a cada teclar
do mais forte ao mais suave
do mais audível ao mais ensurdecedor
esbate a tristeza, milagre quase da natureza
mata a doença afasta qualquer dor,
a cada bater, a cada teclar…
cessa a música e a eloquencia
finda o som, só não a minha demencia
enlouqueci, sem notar.

1 comentário:

Anónimo disse...

andaste a ouvir o "Só"?

;) Bjs